ESSA SAIU NA IMPRENSA (DA INTERNET, CLARO)
FONTE:
UOL
FOLHA POLÍTICA
Trabalhadores cubanos fazem protesto contra o governo; assista
Imagem: Reprodução |
Em uma rara
demonstração pública, dezenas de artesãos e vendedores cubanos
protestaram na cidade de Holguín, nesta semana, e marcharam até a sede
do governo local para exigir o direito de trabalhar sem assédio do
governo, disseram testemunhas.
A marcha - que
ocorreu na terça-feira (21) em uma capital provincial a uma hora de
distância de onde Fidel e Raúl Castro passaram a infância - foi uma
resposta surpresa e espontânea à repressão ocorrida mais cedo naquele
dia em um mercado local, contaram moradores.
Veja o vídeo:
Inspetores foram fazer cumprir uma lei que proíbe os trabalhadores
independentes de vender produtos importados ou possivelmente furtados de
lojas do governos. Eles confiscaram diversos itens de vários
vendedores, os incitando a irem às ruas.
Alguns moradores locais disseram, em entrevistas feitas pelo telefone,
que o protesto envolveu apenas algumas pessoas que infringem a lei e que
tinham queixas inválidas. No entanto, outros, que se identificaram como
oponentes do governo, contaram que havia de 100 a 150 manifestantes,
descritos como corajosos e, justificadamente, irritados.
"O governo revogou as suas licenças e retirou suas fontes de renda, seus
trabalhos", disse um dissidente local, que não quis se identificar por
medo de represálias. Ele acrescentou que vários manifestantes foram
espancados quando confrontados pelas autoridades, e que pelo menos três
pessoas foram detidas e depois liberadas.
"É uma das coisas mais importantes que aconteceu em Cuba em 54 anos",
disse ele. "Foi um protesto por parte dos trabalhadores, não de
dissidentes. Nós os apoiamos, mas não organizamos isto."
Os analistas discordam sobre o significado do protesto. Alguns
observaram que o grupo que promove o protesto, com um vídeo do YouTube
supostamente mostrando manifestantes gritando "queremos trabalhar", é
conhecido por ser militante anti-Castro, e, possivelmente, infiltrado
por forças de segurança cubanas.
Mas até mesmo os moradores pró-governo em Holguín - incluindo um
motorista de táxi e um empregado de um hospital que fica perto do
mercado - reconheceram que o protesto ocorreu e foi conduzido por
pessoas autorizadas a trabalhar por conta própria, como parte de esforço
limitado de Cuba para incentivar o emprego privado.
Ted Henken, professor no Baruch College e presidente da Associação para o
Estudo da Economia de Cuba, disse que qualquer revolta de trabalhadores
em Cuba, ainda que pequena, reflete a frustração com a tentativa de
Raúl Castro de melhorar a economia comunista do país através de
calculadas e cautelosas aberturas econômicas.
Apesar de cerca de 445 mil cubanos agora trabalharem legalmente para si
próprios, de acordo com dados do governo, o crescimento de
trabalhadores por conta própria estacionou e as queixas sobre uma
aplicação mais rigorosa vêm crescendo há meses.
"Tem sido até agora bastante fácil para o governo demitir ou difamar a
maioria dos dissidentes dado seu pequeno número e sua total falta de
exposição na mídia de massa", disse Henken. "Vai ser muito mais difícil
de controlar e conter os cidadãos comuns que estão protestando não sobre
a falta de liberdade política, mas sobre a sua crescente frustração com
o ritmo para-e-continua das chamadas reformas econômicas de Raúl."
Damien Cave
The New York Times / UOL