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25 de janeiro de 2015

Esquerdopatas querem destruir a área de T.I.

 
FONTE: http://www.profissionaisti.com.br/2013/06/14-motivos-para-voce-ser-contra-a-regulamentacao-dos-profissionais-de-ti/

     
   
 


14 motivos para você ser contra a regulamentação dos profissionais de TI

4 de junho de 2013 Carreira, Opinião
    
 
Está em trâmite no Senado Federal o projeto de Lei 607/2007 (neste link), que propõe a criação de um Conselho Federal de Informática e Conselhos Regionais espalhados pelo país, além de tornar obrigatório o diploma em uma faculdade de Ciências da Computação, Análise de Sistemas, Sistemas de Informação ou Processamento de Dados. Para os que já atuam na área, será exigido a comprovação de pelo menos 5 anos de experiência em Tecnologia da Informação (TI).
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Entendemos que esse projeto de lei é desnecessário, prejudicial à sociedade brasileira e mais um ataque a um direito básico e fundamental de todos, que é o trabalho.
 
O estabelecimento de uma reserva de mercado de trabalho como já ocorre em muitas outras áreas levará a uma indevida valorização da posse de um diploma em detrimento da posse do conhecimento, que é justamente a habilitação que ele deveria prover. O diploma, por si só, não garante ao profissional licenciado a capacidade de produzir sistemas de software que reúnam confiabilidade e usabilidade consistentes. Além disso está longe de ser uma forma efetiva de resolver os problemas de qualidade e confiabilidade de software.
 
Acreditamos que essa nova lei fará o Brasil perder competitividade no setor de informática, especialmente na produção de softwares, caso realmente seja exigido diploma de nível superior dos analistas de sistemas.
 
Para demonstrar nosso posicionamento, enumeramos 14 motivos contrários à regulamentação e outros 10 contra-argumentos comuns ditos por quem é a favor da nova legislação, além de vídeos que nos ajudam a manter nossa posição. Confira!

 

O que diz o atual Projeto de Lei 607/2007?

Para entendermos melhor essa lei e como ela pode afetá-lo, seja você profissional da área ou não, ela reune os seguintes pontos:
  • Regulamentar a profissão de analista de sistemas, o que obrigaria o profissional a ter o diploma ou cinco anos de experiência com registro do conselho regional de informática;
  • Regulamentar a profissão de técnico de informática, com obrigatoriedade do colegial técnico em processamento de dados ou 4 anos de experiência com registro no conselho regional de informática;
  • Jornada de trabalho semanal de 40 horas, mas permitindo aos sindicatos de empregados e empregadores a livre negociação sobre a redução da jornada, nas discussões relacionadas à negociação coletiva;
  • Jornada de 20 horas semanais para as atividades que demandem esforço repetitivo, não excedendo a cinco horas diárias, com quinze minutos para descanso;
  • Será fiscalizada pelo Conselho Federal de Informática (CONFEI) e pelos Conselhos Regionais de Informática (CREI), que irá cobrar: anuidades dos profissionais inscritos, taxas de expedição de documentos, emolumentos sobre registros e outros documentos;
  • Os estágios somente serão permitidos no período de formação profissional, não podendo ultrapassar o prazo de dois anos.
Posso apostar que você, caro leitor, possui boas idéias para solucionar os diversos dilemas da humanidade. Tenho certeza também que deve ter ótimas intenções. E creio que a maioria dos apoiadores do projeto sejam honestos e acreditem que vários requerimentos existentes em qualquer projeto na área de TI poderão ser solucionados com a aprovação de tal lei, como: qualidade de software; qualificação da mão-de-obra; aumento de salários; carga horária e especialização. Mas, assim como nos mais diversos temas, digo que a minha liberdade é mais importante do que a sua grande idéia. E aceito que o contrário seja verdadeiro.
 
Trabalho com TI há 20 anos. Portanto, acompanhei de perto a dura realidade da “Política Nacional de Informática”, um nome bonito para a reserva de mercado que perdurou no nosso país entre 1977 e 1991 (demorou um tempo até o mercado se rearranjar). Trabalhei tanto em projetos nacionais quanto internacionais, grandes e pequenos, e com pessoas das mais variadas origens, culturas, idiomas e qualificações.
 
Por tudo, isso deixo aqui a minha insatisfação com tal projeto de lei e com as pessoas que o apoiam. E explicarei porquê.

 

Problemas da regulamentação

Competitividade no cenário global: o Brasil já tem dificuldade para competir com outros países na hora de vender produtos e serviços de tecnologia da informação por causa da burocracia, dos impostos e da barreira do idioma. Coloque mais uma coisa para dificultar, como a regulamentação da profissão de analista de sistemas, e veja investidores começando a olhar para a Irlanda, China ou Polônia como opções mais lucrativas que o Brasil. Pior, começa a valer muito mais a pena para as empresas brasileiras contratar serviços de outros países, como a Índia. A regulamentação no Brasil não vai criar e nem proteger empregos. Ela faz os empregos migrarem. E fiquem ligados, pois isso já está acontecendo.
 
Barreiras ao empreendedorismo: no Brasil já é complicado abrir um negócio, porque a lei apenas prejudica o cidadão, já que os impostos comem todo aquele capital que você preferiria transformar em novos negócios e empregos. A regulamentação da informática torna as coisas ainda mais complicadas, considerando que hoje toda empresa precisa ter seu parque tecnológico e seus profissionais. Obrigando-as a contratar pessoas com diploma e todos os outros detalhes exigidos pelos Conselhos Regionais, os empresários – principalmente os pequenos – se tornam ainda mais reféns da já existente falta de mão de obra especializada.
 
Barreira à inovação: países que são pólos efervescentes de inovação em tecnologia como os Estados Unidos e a Índia não criam esse tipo de barreira e é por isso que estão no patamar atual. O Vale do Silício, local de onde saíram as principais e mais famosas empresas de TI do mundo, não existiria com uma lei que torna mais complicada a captação de talentos. E como uma regulamentação pode definir o que é o mínimo que um profissional deve conhecer em uma área tão dinâmica como tecnologia? Isso acaba tendo o mesmo efeito que o vestibular, em que as pessoas vão investir nesse conjunto mínimo de habilidades, ao invés de se arriscar estudando algo que poderia gerar muito mais valor. Exemplo prático? Quantas faculdades hoje ensinam programação para Android e IOS (iPhone, iPad)?
 
Baixa oferta de mão de obra qualificada: estamos cansados de ouvir as notícias que constatam a falta de mão de obra qualificada para preencher as vagas de tecnologia nas empresas. Mesmo com a crise isso é verdade, como você pode ver nos sites de ofertas de emprego. Com a regulamentação, o número de possíveis candidatos será ainda menor, o que começa a estimular práticas como terceirizar ou contratar serviços em outros países. Ou fechar as portas. Ou, pior ainda, engolir a qualidade baixa de qualquer jeito. Você não tem a ilusão, neste seu atual estágio de experiência profissional e de vida, que ter diploma seja sinônimo de qualidade, certo?
 
Incentivo à mediocridade: em informática, uma reserva de mercado só vai servir para proteger os medíocres, pessoas que têm um diploma de uma faculdade qualquer e pagam a mensalidade do Conselho Regional em dia, mas que profissionalmente são fracos. Normalmente são pessoas formadas em alguma “Uniesquina” do Grupo Tabajara por aí, em que o processo seletivo consiste apenas na assinatura de um cheque, e quase todo mundo se forma no tempo certo – caso pague por isso, obviamente. É algo raro alguém sair de um curso desses sabendo, de fato, programar. Com uma reserva de mercado garantida por força de lei governamental, essas pessoas ficarão ainda mais despreocupadas em tentar progredir, já que a carteirinha de registro dele e a falta de mão de obra segura seu emprego. Se bobear, ele apenas assina os projetos. Quem é bom profissional, diferentes dele, hoje já se diferencia, tanto que não tem problema para se colocar no mercado e não precisa dessa lei para se proteger.
 
Todos farinha do mesmo saco: o projeto de lei trata todo profissional de TI como Analista de Sistemas ou Técnico de Informática. Inclusive, obriga pessoas que vão gerenciar projetos ou fazer auditoria a serem profissionais com diploma na área. É de conhecimento de todos que muitos gerentes de projetos entendem pouco da parte técnica de um sistema de informática, mas é um exagero dizer que alguém precisa de um diploma na área para entender o suficiente para gerenciar o projeto. Desenvolver um sistema e gerenciar pessoas são competências muito diferentes. Um profissional formado em Administração não deve se sentir confortável para desenhar a arquitetura em camadas de um sistema web de alta performance e decidir se a melhor abordagem para os componentes de negócios são Webservices AXIS ou JAX-RS. Acho besteira desperdiçar o tempo dos professores e alunos que acham mais legal gerenciar projetos e pessoas com aulas, por exemplo, sobre árvores binárias. Sem falar que os cursos de TI normalmente não têm quase nenhum conteúdo voltado a planejamento, coordenação e gestão de pessoal. Já pensou se tivessem? Se os formandos já pecam bastante na parte técnica, seria ainda pior, pois iriam deixar de fora partes importantes do currículo.
 
Mais uma taxa para machucar seu bolso: essa é fácil de justificar. Você, trabalhador honesto, acha legal pagar uma taxa anual (ou mensal, sei lá) para poder continuar trabalhando honestamente? E os impostos que você já paga? Lá em cima, no segundo parágrafo, escrevi: “…. E creio que a maioria dos apoiadores do projeto sejam honestos e acreditem que vários requerimentos ….”. Notaram a palavra “maioria”? Se existe uma maioria, temos do outro lado uma minoria. Descobriu quem são eles?
 
Diploma como um fim: a regulamentação parte do pressuposto de que o diploma é um fim, e não um meio para que o sujeito se torne um bom profissional. Como se ao receber o diploma ele se tornasse um ser iluminado, saindo de seu casulo dourado para se tornar um super mega analista de sistemas. Acredito que todo mundo que trabalha na área já conheceu gente com o diploma que é um zero à esquerda como profissional. Todo mundo da área sabe que existem muitas faculdades que não se preocupam com a qualidade do curso, e sim com a lucratividade do negócio do diploma. A regulamentação ajuda as pessoas que veem o diploma como um fim a se tornarem mais acomodadas ainda.
 
Certificações privadas: o próprio mercado possui mecanismos para selecionar e certificar os melhores profissionais. Dentre eles, temos: RHCE, LPI, VMWare e Citrix para sistemas operacionais (SO); CCNA, CCNP e CCIE para redes; CISSP, Check Point e CCNP para segurança; ITIL, COBIT e PMP para gestão de projetos e; OCP, OCA, OCE e MCP para desenvolvimento de softwares. Uma certificação ajuda, e muito, na hora de se procurar um bom emprego ou reivindicar a tão desejada promoção, além de ser uma garantia a mais para o empregador de que você é capaz de preencher aquela vaga. Como todo processo de mercado, a aceitação dessas certificações, tanto por parte dos profissionais quanto pelas empresas, é voluntária. Ou seja, nós profissionais podemos conquistá-la ou não e a empresa pode considerá-la importante ou não. É desnecessário, pior, é uma agressão obrigar qualquer uma das partes a aceitar termos pelos quais elas não concordem.
 
A aplicação: um médico assina o diagnóstico e a receita para seu paciente; o arquiteto assina a planta do imóvel; o contador assina os livros fiscais; o advogado assina a petição; o programador assinaria o quê? Código-fonte? Um código-fonte que pode ser alterado por outra pessoa minutos depois? Teremos fiscais dos Conselhos Regionais de Informática ou do Ministério do Trabalho acompanhando o desenvolvimento de um software? E quem fiscalizará os fiscais? Outros fiscais? Teremos mais custos diretos ou indiretos – via impostos, para pagar o salário e outros custos de todos esses burocratas em potencial? Como fazer cumprir a lei? Ameaçando, coagindo e multando empresas que não a cumpre? Usando a força de armas e cassetetes contra pessoas produtivas que criam empregos e ajudam o crescimento econômico e social de toda a nação? Escolha suas alternativas. Ou todas, elas dependendo do seu grau ditatorial.
 
Revalidação de diplomas: talvez por ter aproveitado as mesmas leis que regem a regulamentação da profissão de médico, o projeto de lei para os profissionais de informática prevê, ainda, a possibilidade de os diplomados por escolas estrangeiras trabalharem na área, contanto que revalidem seus diplomas. Para ser a favor de tal ato, tenho apenas duas palavras feias: protecionismo ou xenofobia. Escolha uma. Ou as duas.
 
Negociação com sindicatos: negociar com sindicatos monopolistas e obrigatórios, empresas e colaboradores é algo que simplesmente não existe no Brasil. Os salários deverão ser reduzidos devido à contratação de outro profissional para conseguir compor a carga de trabalho diária e os intervalos para não ocasionar o LER. Lembrando que desconheço qualquer empresa que mantenha chefes atrás da cadeira dos seus subordinados impedindo-os de ir ao banheiro ou tomar um cafezinho.
 
Precisamos de babás? Os problemas oriundos da má formação profissional ou da má prestação de um serviço advêm da confiança depositada pelos consumidores nos órgãos estatais de fiscalização e conselhos de classe. Sentindo-se seguras pela legislação, as pessoas deixam de requerer dos profissionais a apresentação de seus certificados, garantias, indicações ou outras vias de atestar seus conhecimentos. Além disso, quando desejamos consultar o histórico de um profissional, esbarramos na burocracia dos conselhos de classe. E se alguém tentar criar um serviço paralelo de avaliação destes profissionais, com certeza sofrerá uma enxurrada de processos de indenização por danos morais e materiais, além de queixas penais; o que inibe esta importante iniciativa.
 
Imperativo moral: deixei por último o argumento que acredito ser o mais importante, o de cunho moral. Pense comigo: de quem é a propriedade e o direito exclusivo sobre o seu próprio corpo, sua mente e suas habilidades? Espero que você tenha respondido em alto e bom som “EU!”, pois qualquer outra resposta o equipararia a um simples fantoche. E o que significa “propriedade”? É o direito de dispor de um recurso com poder de decisão sobre o mesmo, o que inclui o direito de repelir, quando necessário, outros do usufruto e ocupação deste recurso. Portanto, propriedade sobre si mesmo é o direito de agir livremente com o seu corpo, desde que não se viole o direito de terceiros, e de não permitir que outros indivíduos violem a autoridade sobre seu corpo. Desta forma, como permitir que terceiros, sem o seu consentimento, impeçam você ou qualquer outra pessoa de utilizar seus maiores e mais poderosos recursos – seu corpo, sua mente, suas habilidades – de trabalhar? Em uma economia de mercado, o princípio ético que deve regular as interações sociais deve se basear na consideração de que a sociedade mais justa será aquela que, de maneira mais enérgica, promover a liberdade e a criatividade laboral e empresarial de todos os seres humanos que a componham. Para isso, é imprescindível cada um deles ter de antemão a segurança de que poderá usufruir os resultados do seu trabalho e de que não será expropriado total ou parcialmente por ninguém, muito menos pelo governo ou por um conselho de classe. Consegue perceber que ser contra esse princípio moral de propriedade sobre si próprio, abrir mão da sua mente, das suas habilidades e sobre o resultado do seu trabalho o torna um escravo ?
 
Para melhor entender esse ponto, veja o vídeo abaixo:

 

Contra-argumentos comuns e esperados em favor da regulamentação

Creio que até aqui consegui expor diversos argumentos contrários a qualquer regulamentação dos profissionais de tecnologia da informação. E tenho certeza de que existem pessoas com a opinião já fechada em favor dela. Por isso consigo adiantar alguns dos seus argumentos.
 
“Você está reclamando porque não tem diploma”: Falso. Eu sou formado em Processamento de Dados há quase duas décadas, além de Administração de Empresas. De qualquer forma, creio que não preciso ficar discutindo credenciais, pois aprendizado mútuo se faz com idéias.
 
“‘Profissão’ só existe se for reconhecida como tal pelo estado. Você quer continuar como “clandestino”? Não existe uma lei para dizer ‘veja, isto é uma profissão’. Logo precisamos regulamentá-la.”: Falso. A profissão de informática é reconhecida pelo mercado. Não é preciso regulamentação para que uma profissão exista ou seja reconhecida. Profissões são criadas pelo seu simples exercício. Afinal, estamos trabalhando, não? Profissões surgem e desaparecem sempre. Faz parte da própria evolução da humanidade. Não é necessário que um corpo burocrático assine alguns papéis para que determinados trabalhos demandados pela sociedade sejam realizados.
 
“Esse papo de liberdade é utópico. Tente ser empresário e você verá que terá de seguir o sistema. Terá de pagar impostos abusivos, será obrigado a contratar um contador, será obrigado a contratar um engenheiro:”: sim, em partes você tem razão. Ser empresário é bastante complicado pelos motivos por você citado. Agora eu lhe pergunto o que é mais inteligente, útil à sociedade e moralmente correto: criar novos impostos e obrigações ou diminuir o que existe hoje? Esse tipo de postura é semelhante a dizer que é preferível lutar por uma escravidão a qual você concorde (mesmo que muitas outras discordem) do que ser livres para trabalhar, empreender, estudar e progredir financeiramente e intelectualmente. Escutar esse tipo de contra-argumento é bastante decepcionante.
 
“Não me importo com isso. Sou formado mesmo!”: Provavelmente alguém que pense desta forma jamais abriria este link, pois apenas seus próprios interesses imediatos importam. De qualquer forma, talvez a melhor resposta foi dada nos versos de Bertold Brecht. “Primeiro levaram os negros, mas não me importei com isso. Eu não era negro. Em seguida levaram alguns operários, mas não me importei com isso. Eu também não era operário. Depois prenderam os miseráveis, mas não me importei com isso, porque eu não sou miserável. Depois agarraram uns desempregados, mas como tenho meu emprego, também não me importei. Agora estão me levando, mas já é tarde. Como eu não me importei com ninguém, ninguém se importa comigo.”.
 
“Você deixaria uma pessoa qualquer que não fosse formada em medicina operá-lo numa sala de cirurgia?”: Claro que não! Esse contra argumento assume que essas duas profissões são muito parecidas, o que não é verdade. A medicina não avança na mesma velocidade que a tecnologia. A medicina é uma profissão em que o diploma está muito mais próximo da finalidade a que se propõe, mesmo que no decorrer da profissão o profissional precise se atualizar. E principalmente, em uma mesa de cirurgia uma pessoa pode morrer. Como você vai saber se aquela pessoa que vai operá-lo pelo menos tem uma idéia do que está fazendo? Um jeito de testar é deixá-lo fazer, mas você pode não estar lá para dar o veredito depois. Em informática, você pode e deve levar um tempo para avaliar a competência de alguém. Se tiver um profissional muito ruim no seu projeto, notará depois de um mês. Você não tem um mês para avaliar um médico. A comparação entre TI e outras profissões é extremamente delicada. A velocidade de atualização em TI, por exemplo, é muita rápida em relação às outras profissões. De qualquer forma, ainda assim acredito que mesmo em Medicina, Direito, Engenharia e Arquitetura, certificações 100% privadas são não só possíveis como desejadas.
 
“Eu estudei durante 10 anos. Por isso eu tenho direito a ter reserva de mercado, caso contrário o outro que fez apenas um cursinho ocupará minha vaga”: Desculpe, mas caso o seu vasto conhecimento – ou como você o vende para um contratante – equivale a alguém que fez apenas um cursinho por correspondência, então tem algo errado. COM VOCÊ. Profissional competente não precisa de reserva de mercado de trabalho, mas sempre haverá quem por temer a concorrência, seja ela qual for, considere boa idéia a proteção pessoal possivelmente concedida por uma reserva de mercado, embora isso seja nitidamente nocivo aos interesses da sociedade brasileira. Reserva de mercado de trabalho é apenas um refúgio para aqueles que não conseguem impor-se pela competência. Além disto, essa proteção é ilusória, porque se reserva de mercado pode facilitar a admissão de um profissional em um dado emprego, não dá garantias de sua permanência se o profissional revelar-se inepto.
 
“Um médico estuda de 8 a 10 anos para se tornar médico e, a partir dai, se registra e pode exercer a profissão de médico. Este médico não é técnico ou profissional de TI, e sim um médico. Eu que sou formado em Ciência da Computação há 4 anos e trabalho há 22 anos com TI, não sou médico então não posso exercer a profissão de médico e este passa a ser um ponto chave. Acho que um dos principais motivos da regulamentação é evitar que pessoas que não são da área de TI exerçam uma profissão sobre a qual não tenham o conhecimento ou a formação ideal para exercer. Assim como nós não podemos ser médicos.”: Com tanta experiência, essa pessoa obviamente já trabalhou com profissionais de diversas formações. E sabe também que engenheiros, matemáticos, advogados, administradores, apenas para citar alguns, foram os que criaram a Área de Informática no Brasil e também os cursos que hoje formam profissionais de informática. Essas categorias profissionais muito contribuíram para o desenvolvimento da Área, e ainda têm muito a contribuir, principalmente considerando o caráter multidisciplinar da Informática, a qual como a nossa língua pátria, permeia todas as nossas atividades etodos temos o direito de usá-la. Toda a sociedade seria muito prejudicada se esses profissionais fossem proibidos de desenvolver suas
soluções mediante o uso da tecnologia da informação.
 
“Sem a regulamentação a área fica cheia de oportunistas que aprenderam a programar com um livrinho de banca de jornal e oferecem o serviço a preços muito baixos.”: Bem, quanto a isso digo apenas: sinto muito. Isso se chama capitalismo. Isso é o livre-mercado. Se não souber, tiver algum tipo de preconceito ou não tiver certeza sobre o que nós entendemos como “Capitalismo” e “Livre-Mercado” clique aqui. E quanto mais livre for o mercado, maior é o desenvolvimento econômico da sociedade. No caso, se o serviço que esse garoto fornece, com conhecimento de banca de jornal, atende o que esse suposto cliente está querendo, qual é o problema? E se o que o cliente queria era realmente algo muito simples, possível de se fazer com conhecimento de banca de jornal? Esse cliente também tem de ter na cabeça de quem ele está comprando, e está assumindo esse risco. Ser empresário também significa correr riscos. Muitos vão preferir um profissional graduado para não arriscar e irão pagar mais por isso. O mercado tem diferenças gritantes de salário, e isso é excelente.
 
“Eu trabalho para um sindicato/associação de classe/conselho profissional e pra mim a regulamentação será ótima pois irá garantir novos associados e, portanto, mais funcionários onde trabalho. E isso é ótimo para a economia”: Pois é, tive de ler isso em um fórum (ninguém seria tão sincero ao vivo). E, para ser sincero, gostei da honestidade da pessoa em admitir que ela trabalha pelos seus próprios interesses. Por outro lado, é terrível e triste ao mesmo tempo conversar por 5 minutos com alguém que trabalha todos os dias pela desinformação e manipulação dos profissionais de informática. Se este for o seu caso, desculpe, não precisa terminar de ler esse texto, pois para você seus interesses imediatistas são mais importantes do que a liberdade de trabalho de milhões de pessoas e empresas. Caso não seja, por favor prossiga e veja os vídeos abaixo para não só entendê-los mas também para que compreenda alguns processos artificias de mercado criados pelo estado que destroem valor econômico para a sociedade.

 

Regulação, intervenção e corporativismo

Gostaria de destacar aqui que o capitalismo com livre-mercado não é perfeito, não é o paraíso na Terra, não é Shangri-La. Os mercados são formados por pessoas, e elas podem errar. Mas isso não quer dizer que intervenções do governo são desejáveis, pelo contrário, o governo acaba criando mais problemas do que resolvendo os existentes. Para conhecer a descrição das 4 falhas de mercado e das 14 falhas de governo catalogadas por nós, clique aqui.
 
No vídeo abaixo, Steve Horwitz explica a dinâmica do intervencionismo e os problemas oriundos da regulação e intervenção no livre mercado.
 
Por outro lado, compreendo que as pessoas possuem necessidades e a vontade de prosperar. Ninguém disse que viver é fácil. Algumas pessoas acabam se tornando propensas a encurtar caminhos. Como, no caso, reivindicar a uma instância superior – o estado – privilégios especiais. Aposto que você, quando era criança, costumava sonhar em alcançar o sucesso dentro de algo que você admirava. E poderia apostar que era sempre em alguma função na iniciativa privada. Mas agora tudo mudou. Para que trabalhar em um mercado desimpedido e livre se você pode tentar, de alguma forma, usufruir do “poder” do governo? Por que estudar ou se tornar um empreendedor ou comerciante para ser subjugado por impostos/regulamentações/tarifas/taxas/burocracia, quando pode ingressar na grande máquina estatal, mamar das tetas do governo ou ainda manipular o jogo de acordo com seus interesses, gastando dinheiro que não é seu? Por fim, por que ser manipulado, quando pode manipular?
Veja o vídeo abaixo:

Concluindo

A regulamentação só gera mais dinheiro para donos de faculdades picaretas, para as pessoas que vão fazer parte desses conselhos e passarão um bom tempo contando o dinheiro das mensalidades dos profissionais registrados e para os profissionais mais acomodados. É uma lei que beneficia poucos e prejudica o crescimento do país. Enquanto isso, países que levam a tecnologia e desenvolvimento a sério nem cogitam criar uma lei como essa.
 
Se há algo que sempre me cativou na área de TI foi a liberdade. Eu posso, neste exato momento, ligar meu computador e desenvolver um sistema que, assim espero, tenha valor para milhões de pessoas. Da mesma forma que é possível que eu não consiga nenhum usuário disposto a gastar dinheiro com ele. Tudo dependerá da minha capacidade empreendedora, gerenciadora de equipes, de desenvolvimento e de divulgação. E não de um diploma.
 
A história da informática no Brasil e no mundo acontece por meio do esforço individual de trabalhadores e empresários, mesmo o estado nos atrapalhando e atrasando demasiadamente, desde a época na qual governos militares inventaram a tal Lei da Informática que destruiu um mercado próspero. Por causa dessa lei, usava-se sucatas comparando com as tecnologias de outros países. Só podemos ter algo razoável com as tímidas aberturas econômicas que tivemos durante dos anos 1990 e graças aos contrabandistas que atuaram durante esse período.
 
Apesar disso nunca houve um governo ditando regras na profissão. A tecnologia da informação sempre foi tomada por um certo espírito caótico e anárquico.
  
O Vale do Silício nos EUA não surgiu em um país tomado por reservas de mercado, tanto para produtos quanto para profissionais, mas sim em um dos países com os maiores índices de liberdade econômica do mundo.
  
Se houvesse uma regulamentação no início da informática no Brasil, sequer haveria profissionais porque nem escolas, nem faculdades existiriam. Estudei com vários professores que fizeram uma faculdade apenas para poder entrar no centro acadêmico, já que a liberdade da área garantiu o conhecimento necessário. Eram programadores e empreendedores que conseguiram, com suas habilidades, criar o mercado que existe hoje.
  
Conheci muitas pessoas que, sem ao menos uma faculdade, conseguiram mostrar que possuíam competência para manter um projeto. Pessoas que aprenderam a programar em casa mesmo e hoje têm o fruto de seus trabalhos devido à da liberdade desse setor. Tenho certeza que você conhece vários programadores que não se formaram e obtiveram sucesso, fama, reconhecimento, criaram grandes empresas e conquistaram riquezas. Não foi uma lei, uma imposição governamental, um sindicato ou algum grupo anti-liberdade que fez do mercado de TI brasileiro ser o que é, mas a LIBERDADE que existe nele.
 
A sua liberdade de atuar no setor é muito mais importante do que as grandes idéias de sabe lá quem.


O artigo original encontra-se no site www.focoliberal.com.br/. A equipe PTI (profissionais de T.I.) tomou a liberdade de republicá-lo por conta da queda do servidor ocorrida no dia (04/06/2013)
 
 
 




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