FONTE: http://www.profissionaisti. com.br/2013/06/14-motivos- para-voce-ser-contra-a- regulamentacao-dos- profissionais-de-ti/
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14 motivos para você ser contra a regulamentação dos profissionais de TI
4 de junho de 2013 Profissionais TI Carreira, Opinião
Está em trâmite no Senado Federal o projeto de Lei 607/2007 (neste link),
que propõe a criação de um Conselho Federal de Informática e Conselhos
Regionais espalhados pelo país, além de tornar obrigatório o diploma em
uma faculdade de Ciências da Computação, Análise de Sistemas, Sistemas
de Informação ou Processamento de Dados. Para os que já atuam na área,
será exigido a comprovação de pelo menos 5 anos de experiência em
Tecnologia da Informação (TI).
Entendemos que esse projeto de lei é desnecessário,
prejudicial à sociedade brasileira e mais um ataque a um direito básico e
fundamental de todos, que é o trabalho.
O estabelecimento de uma reserva de mercado de
trabalho como já ocorre em muitas outras áreas levará a uma indevida
valorização da posse de um diploma em detrimento da posse do
conhecimento, que é justamente a habilitação que ele deveria prover. O
diploma, por si só, não garante ao profissional licenciado a capacidade
de produzir sistemas de software que reúnam confiabilidade e usabilidade
consistentes. Além disso está longe de ser uma forma efetiva de
resolver os problemas de qualidade e confiabilidade de software.
Acreditamos que essa nova lei fará o Brasil perder
competitividade no setor de informática, especialmente na produção de
softwares, caso realmente seja exigido diploma de nível superior dos
analistas de sistemas.
Para demonstrar nosso posicionamento, enumeramos 14
motivos contrários à regulamentação e outros 10 contra-argumentos comuns
ditos por quem é a favor da nova legislação, além de vídeos que nos
ajudam a manter nossa posição. Confira!
O que diz o atual Projeto de Lei 607/2007?
Para entendermos melhor essa lei e como ela pode afetá-lo, seja você profissional da área ou não, ela reune os seguintes pontos:
- Regulamentar a profissão de analista de sistemas, o que obrigaria o profissional a ter o diploma ou cinco anos de experiência com registro do conselho regional de informática;
- Regulamentar a profissão de técnico de informática, com obrigatoriedade do colegial técnico em processamento de dados ou 4 anos de experiência com registro no conselho regional de informática;
- Jornada de trabalho semanal de 40 horas, mas permitindo aos sindicatos de empregados e empregadores a livre negociação sobre a redução da jornada, nas discussões relacionadas à negociação coletiva;
- Jornada de 20 horas semanais para as atividades que demandem esforço repetitivo, não excedendo a cinco horas diárias, com quinze minutos para descanso;
- Será fiscalizada pelo Conselho Federal de Informática (CONFEI) e pelos Conselhos Regionais de Informática (CREI), que irá cobrar: anuidades dos profissionais inscritos, taxas de expedição de documentos, emolumentos sobre registros e outros documentos;
- Os estágios somente serão permitidos no período de formação profissional, não podendo ultrapassar o prazo de dois anos.
Posso apostar que você, caro leitor, possui boas
idéias para solucionar os diversos dilemas da humanidade. Tenho certeza
também que deve ter ótimas intenções. E creio que a maioria dos
apoiadores do projeto sejam honestos e acreditem que vários
requerimentos existentes em qualquer projeto na área de TI poderão ser
solucionados com a aprovação de tal lei, como: qualidade de software;
qualificação da mão-de-obra; aumento de salários; carga horária e
especialização. Mas, assim como nos mais diversos temas, digo que a
minha liberdade é mais importante do que a sua grande idéia. E aceito
que o contrário seja verdadeiro.
Trabalho com TI há 20 anos. Portanto, acompanhei de
perto a dura realidade da “Política Nacional de Informática”, um nome
bonito para a reserva de mercado que perdurou no nosso país entre 1977 e
1991 (demorou um tempo até o mercado se rearranjar). Trabalhei tanto em
projetos nacionais quanto internacionais, grandes e pequenos, e com
pessoas das mais variadas origens, culturas, idiomas e qualificações.
Por tudo, isso deixo aqui a minha insatisfação com tal projeto de lei e com as pessoas que o apoiam. E explicarei porquê.
Problemas da regulamentação
Competitividade no cenário global: o
Brasil já tem dificuldade para competir com outros países na hora de
vender produtos e serviços de tecnologia da informação por causa da
burocracia, dos impostos e da barreira do idioma. Coloque mais uma coisa
para dificultar, como a regulamentação da profissão de analista de
sistemas, e veja investidores começando a olhar para a Irlanda, China ou
Polônia como opções mais lucrativas que o Brasil. Pior, começa a valer
muito mais a pena para as empresas brasileiras contratar serviços de
outros países, como a Índia. A regulamentação no Brasil não vai criar e
nem proteger empregos. Ela faz os empregos migrarem. E fiquem ligados,
pois isso já está acontecendo.
Barreiras ao empreendedorismo: no
Brasil já é complicado abrir um negócio, porque a lei apenas prejudica o
cidadão, já que os impostos comem todo aquele capital que você
preferiria transformar em novos negócios e empregos. A regulamentação da
informática torna as coisas ainda mais complicadas, considerando que
hoje toda empresa precisa ter seu parque tecnológico e seus
profissionais. Obrigando-as a contratar pessoas com diploma e todos os
outros detalhes exigidos pelos Conselhos Regionais, os empresários –
principalmente os pequenos – se tornam ainda mais reféns da já existente
falta de mão de obra especializada.
Barreira à inovação: países que são
pólos efervescentes de inovação em tecnologia como os Estados Unidos e a
Índia não criam esse tipo de barreira e é por isso que estão no patamar
atual. O Vale do Silício, local de onde saíram as principais e mais
famosas empresas de TI do mundo, não existiria com uma lei que torna
mais complicada a captação de talentos. E como uma regulamentação pode
definir o que é o mínimo que um profissional deve conhecer em uma área
tão dinâmica como tecnologia? Isso acaba tendo o mesmo efeito que o
vestibular, em que as pessoas vão investir nesse conjunto mínimo de
habilidades, ao invés de se arriscar estudando algo que poderia gerar
muito mais valor. Exemplo prático? Quantas faculdades hoje ensinam
programação para Android e IOS (iPhone, iPad)?
Baixa oferta de mão de obra qualificada: estamos
cansados de ouvir as notícias que constatam a falta de mão de obra
qualificada para preencher as vagas de tecnologia nas empresas. Mesmo
com a crise isso é verdade, como você pode ver nos sites de ofertas de
emprego. Com a regulamentação, o número de possíveis candidatos será
ainda menor, o que começa a estimular práticas como terceirizar ou
contratar serviços em outros países. Ou fechar as portas. Ou, pior
ainda, engolir a qualidade baixa de qualquer jeito. Você não tem a
ilusão, neste seu atual estágio de experiência profissional e de vida,
que ter diploma seja sinônimo de qualidade, certo?
Incentivo à mediocridade: em
informática, uma reserva de mercado só vai servir para proteger os
medíocres, pessoas que têm um diploma de uma faculdade qualquer e pagam a
mensalidade do Conselho Regional em dia, mas que profissionalmente são
fracos. Normalmente são pessoas formadas em alguma “Uniesquina” do Grupo
Tabajara por aí, em que o processo seletivo consiste apenas na
assinatura de um cheque, e quase todo mundo se forma no tempo certo –
caso pague por isso, obviamente. É algo raro alguém sair de um curso
desses sabendo, de fato, programar. Com uma reserva de mercado garantida
por força de lei governamental, essas pessoas ficarão ainda mais
despreocupadas em tentar progredir, já que a carteirinha de registro
dele e a falta de mão de obra segura seu emprego. Se bobear, ele apenas
assina os projetos. Quem é bom profissional, diferentes dele, hoje já se
diferencia, tanto que não tem problema para se colocar no mercado e não
precisa dessa lei para se proteger.
Todos farinha do mesmo saco: o
projeto de lei trata todo profissional de TI como Analista de Sistemas
ou Técnico de Informática. Inclusive, obriga pessoas que vão gerenciar
projetos ou fazer auditoria a serem profissionais com diploma na área. É
de conhecimento de todos que muitos gerentes de projetos entendem pouco
da parte técnica de um sistema de informática, mas é um exagero dizer
que alguém precisa de um diploma na área para entender o suficiente para
gerenciar o projeto. Desenvolver um sistema e gerenciar pessoas são
competências muito diferentes. Um profissional formado em Administração
não deve se sentir confortável para desenhar a arquitetura em camadas de
um sistema web de alta performance e decidir se a melhor abordagem para
os componentes de negócios são Webservices AXIS ou JAX-RS. Acho
besteira desperdiçar o tempo dos professores e alunos que acham mais
legal gerenciar projetos e pessoas com aulas, por exemplo, sobre árvores
binárias. Sem falar que os cursos de TI normalmente não têm quase
nenhum conteúdo voltado a planejamento, coordenação e gestão de pessoal.
Já pensou se tivessem? Se os formandos já pecam bastante na parte
técnica, seria ainda pior, pois iriam deixar de fora partes importantes
do currículo.
Mais uma taxa para machucar seu bolso: essa
é fácil de justificar. Você, trabalhador honesto, acha legal pagar uma
taxa anual (ou mensal, sei lá) para poder continuar trabalhando
honestamente? E os impostos que você já paga? Lá em cima, no segundo
parágrafo, escrevi: “…. E creio que a maioria dos apoiadores do projeto
sejam honestos e acreditem que vários requerimentos ….”. Notaram a
palavra “maioria”? Se existe uma maioria, temos do outro lado uma
minoria. Descobriu quem são eles?
Diploma como um fim: a
regulamentação parte do pressuposto de que o diploma é um fim, e não um
meio para que o sujeito se torne um bom profissional. Como se ao receber
o diploma ele se tornasse um ser iluminado, saindo de seu casulo
dourado para se tornar um super mega analista de sistemas. Acredito que
todo mundo que trabalha na área já conheceu gente com o diploma que é um
zero à esquerda como profissional. Todo mundo da área sabe que existem
muitas faculdades que não se preocupam com a qualidade do curso, e sim
com a lucratividade do negócio do diploma. A regulamentação ajuda as
pessoas que veem o diploma como um fim a se tornarem mais acomodadas
ainda.
Certificações privadas: o próprio
mercado possui mecanismos para selecionar e certificar os melhores
profissionais. Dentre eles, temos: RHCE, LPI, VMWare e Citrix para
sistemas operacionais (SO); CCNA, CCNP e CCIE para redes; CISSP, Check
Point e CCNP para segurança; ITIL, COBIT e PMP para gestão de projetos
e; OCP, OCA, OCE e MCP para desenvolvimento de softwares. Uma
certificação ajuda, e muito, na hora de se procurar um bom emprego ou
reivindicar a tão desejada promoção, além de ser uma garantia a mais
para o empregador de que você é capaz de preencher aquela vaga. Como
todo processo de mercado, a aceitação dessas certificações,
tanto por parte dos profissionais quanto pelas empresas, é voluntária.
Ou seja, nós profissionais podemos conquistá-la ou não e a empresa pode
considerá-la importante ou não. É desnecessário, pior, é uma agressão
obrigar qualquer uma das partes a aceitar termos pelos quais elas não
concordem.
A aplicação: um médico assina o
diagnóstico e a receita para seu paciente; o arquiteto assina a planta
do imóvel; o contador assina os livros fiscais; o advogado assina a
petição; o programador assinaria o quê? Código-fonte? Um código-fonte
que pode ser alterado por outra pessoa minutos depois? Teremos fiscais
dos Conselhos Regionais de Informática ou do Ministério do Trabalho
acompanhando o desenvolvimento de um software? E quem fiscalizará os
fiscais? Outros fiscais? Teremos mais custos diretos ou indiretos – via
impostos, para pagar o salário e outros custos de todos esses burocratas
em potencial? Como fazer cumprir a lei? Ameaçando, coagindo e multando
empresas que não a cumpre? Usando a força de armas e cassetetes contra
pessoas produtivas que criam empregos e ajudam o crescimento econômico e
social de toda a nação? Escolha suas alternativas. Ou todas, elas
dependendo do seu grau ditatorial.
Revalidação de diplomas: talvez por
ter aproveitado as mesmas leis que regem a regulamentação da profissão
de médico, o projeto de lei para os profissionais de informática prevê,
ainda, a possibilidade de os diplomados por escolas estrangeiras
trabalharem na área, contanto que revalidem seus diplomas. Para ser a
favor de tal ato, tenho apenas duas palavras feias: protecionismo ou
xenofobia. Escolha uma. Ou as duas.
Negociação com sindicatos: negociar
com sindicatos monopolistas e obrigatórios, empresas e colaboradores é
algo que simplesmente não existe no Brasil. Os salários deverão ser
reduzidos devido à contratação de outro profissional para conseguir
compor a carga de trabalho diária e os intervalos para não ocasionar o
LER. Lembrando que desconheço qualquer empresa que mantenha chefes atrás
da cadeira dos seus subordinados impedindo-os de ir ao banheiro ou
tomar um cafezinho.
Precisamos de babás? Os problemas
oriundos da má formação profissional ou da má prestação de um serviço
advêm da confiança depositada pelos consumidores nos órgãos estatais de
fiscalização e conselhos de classe. Sentindo-se seguras pela legislação,
as pessoas deixam de requerer dos profissionais a apresentação de seus
certificados, garantias, indicações ou outras vias de atestar seus conhecimentos.
Além disso, quando desejamos consultar o histórico de um profissional,
esbarramos na burocracia dos conselhos de classe. E se alguém tentar
criar um serviço paralelo de avaliação destes profissionais, com certeza
sofrerá uma enxurrada de processos de indenização por danos morais e
materiais, além de queixas penais; o que inibe esta importante
iniciativa.
Imperativo moral: deixei por último o
argumento que acredito ser o mais importante, o de cunho moral. Pense
comigo: de quem é a propriedade e o direito exclusivo sobre o seu
próprio corpo, sua mente e suas habilidades? Espero que você tenha
respondido em alto e bom som “EU!”, pois qualquer outra resposta o
equipararia a um simples fantoche. E o que significa “propriedade”? É o
direito de dispor de um recurso com poder de decisão sobre o mesmo, o
que inclui o direito de repelir, quando necessário, outros do usufruto e
ocupação deste recurso. Portanto, propriedade sobre si mesmo é o
direito de agir livremente com o seu corpo, desde que não se viole o
direito de terceiros, e de não permitir que outros indivíduos violem a
autoridade sobre seu corpo. Desta forma, como permitir que terceiros,
sem o seu consentimento, impeçam você ou qualquer outra pessoa de
utilizar seus maiores e mais poderosos recursos – seu corpo, sua mente,
suas habilidades – de trabalhar? Em uma economia de mercado, o princípio
ético que deve regular as interações sociais deve se basear na
consideração de que a sociedade mais justa será aquela que, de maneira
mais enérgica, promover a liberdade e a criatividade laboral e
empresarial de todos os seres humanos que a componham. Para isso, é
imprescindível cada um deles ter de antemão a segurança de que poderá
usufruir os resultados do seu trabalho e de que não será expropriado
total ou parcialmente por ninguém, muito menos pelo governo ou por um
conselho de classe. Consegue perceber que ser contra esse princípio
moral de propriedade sobre si próprio, abrir mão da sua mente, das suas
habilidades e sobre o resultado do seu trabalho o torna um escravo ?
Para melhor entender esse ponto, veja o vídeo abaixo:
Contra-argumentos comuns e esperados em favor da regulamentação
Creio que até aqui consegui expor diversos argumentos
contrários a qualquer regulamentação dos profissionais de tecnologia da
informação. E tenho certeza de que existem pessoas com a opinião já
fechada em favor dela. Por isso consigo adiantar alguns dos seus
argumentos.
“Você está reclamando porque não tem diploma”: Falso.
Eu sou formado em Processamento de Dados há quase duas décadas, além de
Administração de Empresas. De qualquer forma, creio que não preciso
ficar discutindo credenciais, pois aprendizado mútuo se faz com idéias.
“‘Profissão’ só existe se for reconhecida
como tal pelo estado. Você quer continuar como “clandestino”? Não
existe uma lei para dizer ‘veja, isto é uma profissão’. Logo precisamos
regulamentá-la.”: Falso. A profissão de informática é
reconhecida pelo mercado. Não é preciso regulamentação para que uma
profissão exista ou seja reconhecida. Profissões são criadas pelo seu
simples exercício. Afinal, estamos trabalhando, não? Profissões surgem e
desaparecem sempre. Faz parte da própria evolução da humanidade. Não é
necessário que um corpo burocrático assine alguns papéis para que
determinados trabalhos demandados pela sociedade sejam realizados.
“Esse papo de liberdade é utópico. Tente
ser empresário e você verá que terá de seguir o sistema. Terá de pagar
impostos abusivos, será obrigado a contratar um contador, será obrigado a
contratar um engenheiro:”: sim, em partes você tem razão.
Ser empresário é bastante complicado pelos motivos por você citado.
Agora eu lhe pergunto o que é mais inteligente, útil à sociedade e
moralmente correto: criar novos impostos e obrigações ou diminuir o que
existe hoje? Esse tipo de postura é semelhante a dizer que é preferível
lutar por uma escravidão a qual você concorde (mesmo que muitas outras
discordem) do que ser livres para trabalhar, empreender, estudar e
progredir financeiramente e intelectualmente. Escutar esse tipo de
contra-argumento é bastante decepcionante.
“Não me importo com isso. Sou formado mesmo!”:
Provavelmente alguém que pense desta forma jamais abriria este link,
pois apenas seus próprios interesses imediatos importam. De qualquer
forma, talvez a melhor resposta foi dada nos versos de Bertold Brecht. “Primeiro
levaram os negros, mas não me importei com isso. Eu não era negro. Em
seguida levaram alguns operários, mas não me importei com isso. Eu
também não era operário. Depois prenderam os miseráveis, mas não me
importei com isso, porque eu não sou miserável. Depois agarraram uns
desempregados, mas como tenho meu emprego, também não me importei. Agora
estão me levando, mas já é tarde. Como eu não me importei com ninguém,
ninguém se importa comigo.”.
“Você deixaria uma pessoa qualquer que não fosse formada em medicina operá-lo numa sala de cirurgia?”:
Claro que não! Esse contra argumento assume que essas duas profissões
são muito parecidas, o que não é verdade. A medicina não avança na mesma
velocidade que a tecnologia. A medicina é uma profissão em que o
diploma está muito mais próximo da finalidade a que se propõe, mesmo que
no decorrer da profissão o profissional precise se atualizar. E
principalmente, em uma mesa de cirurgia uma pessoa pode morrer. Como
você vai saber se aquela pessoa que vai operá-lo pelo menos tem uma
idéia do que está fazendo? Um jeito de testar é deixá-lo fazer, mas você
pode não estar lá para dar o veredito depois. Em informática, você pode
e deve levar um tempo para avaliar a competência de alguém. Se tiver um
profissional muito ruim no seu projeto, notará depois de um mês. Você
não tem um mês para avaliar um médico. A comparação entre TI e outras
profissões é extremamente delicada. A velocidade de atualização em TI,
por exemplo, é muita rápida em relação às outras profissões. De qualquer
forma, ainda assim acredito que mesmo em Medicina, Direito, Engenharia e
Arquitetura, certificações 100% privadas são não só possíveis como
desejadas.
“Eu estudei durante 10 anos. Por isso eu
tenho direito a ter reserva de mercado, caso contrário o outro que fez
apenas um cursinho ocupará minha vaga”: Desculpe, mas caso
o seu vasto conhecimento – ou como você o vende para um contratante –
equivale a alguém que fez apenas um cursinho por correspondência, então
tem algo errado. COM VOCÊ. Profissional competente não precisa de
reserva de mercado de trabalho, mas sempre haverá quem por temer a
concorrência, seja ela qual for, considere boa idéia a proteção pessoal
possivelmente concedida por uma reserva de mercado, embora isso seja
nitidamente nocivo aos interesses da sociedade brasileira. Reserva de
mercado de trabalho é apenas um refúgio para aqueles que não conseguem
impor-se pela competência. Além disto, essa proteção é ilusória, porque
se reserva de mercado pode facilitar a admissão de um profissional em um
dado emprego, não dá garantias de sua permanência se o profissional
revelar-se inepto.
“Um médico estuda de 8 a 10 anos para se
tornar médico e, a partir dai, se registra e pode exercer a profissão de
médico. Este médico não é técnico ou profissional de TI, e sim um
médico. Eu que sou formado em Ciência da Computação há 4 anos e trabalho
há 22 anos com TI, não sou médico então não posso exercer a profissão
de médico e este passa a ser um ponto chave. Acho que um dos principais
motivos da regulamentação é evitar que pessoas que não são da área de TI
exerçam uma profissão sobre a qual não tenham o conhecimento ou a
formação ideal para exercer. Assim como nós não podemos ser médicos.”:
Com tanta experiência, essa pessoa obviamente já trabalhou com
profissionais de diversas formações. E sabe também que engenheiros,
matemáticos, advogados, administradores, apenas para citar alguns, foram
os que criaram a Área de Informática no Brasil e também os cursos que
hoje formam profissionais de informática. Essas categorias profissionais
muito contribuíram para o desenvolvimento da Área, e ainda têm muito a
contribuir, principalmente considerando o caráter multidisciplinar da
Informática, a qual como a nossa língua pátria, permeia todas as nossas
atividades etodos temos o direito de usá-la. Toda a sociedade seria
muito prejudicada se esses profissionais fossem proibidos de desenvolver
suas
soluções mediante o uso da tecnologia da informação.
soluções mediante o uso da tecnologia da informação.
“Sem a regulamentação a área fica cheia
de oportunistas que aprenderam a programar com um livrinho de banca de
jornal e oferecem o serviço a preços muito baixos.”: Bem,
quanto a isso digo apenas: sinto muito. Isso se chama capitalismo. Isso é
o livre-mercado. Se não souber, tiver algum tipo de preconceito ou não
tiver certeza sobre o que nós entendemos como “Capitalismo” e
“Livre-Mercado” clique aqui. E quanto mais livre for o mercado, maior é o
desenvolvimento econômico da sociedade. No caso, se o serviço que esse
garoto fornece, com conhecimento de banca de jornal, atende o que esse
suposto cliente está querendo, qual é o problema? E se o que o cliente
queria era realmente algo muito simples, possível de se fazer com
conhecimento de banca de jornal? Esse cliente também tem de ter na
cabeça de quem ele está comprando, e está assumindo esse risco. Ser
empresário também significa correr riscos. Muitos vão preferir um
profissional graduado para não arriscar e irão pagar mais por isso. O
mercado tem diferenças gritantes de salário, e isso é excelente.
“Eu trabalho para um sindicato/associação
de classe/conselho profissional e pra mim a regulamentação será ótima
pois irá garantir novos associados e, portanto, mais funcionários onde
trabalho. E isso é ótimo para a economia”: Pois é, tive de
ler isso em um fórum (ninguém seria tão sincero ao vivo). E, para ser
sincero, gostei da honestidade da pessoa em admitir que ela trabalha
pelos seus próprios interesses. Por outro lado, é terrível e triste ao
mesmo tempo conversar por 5 minutos com alguém que trabalha todos os
dias pela desinformação e manipulação dos profissionais de informática.
Se este for o seu caso, desculpe, não precisa terminar de ler esse
texto, pois para você seus interesses imediatistas são mais importantes
do que a liberdade de trabalho de milhões de pessoas e empresas. Caso
não seja, por favor prossiga e veja os vídeos abaixo para não só
entendê-los mas também para que compreenda alguns processos artificias
de mercado criados pelo estado que destroem valor econômico para a
sociedade.
Regulação, intervenção e corporativismo
Gostaria de destacar aqui que o capitalismo com
livre-mercado não é perfeito, não é o paraíso na Terra, não é
Shangri-La. Os mercados são formados por pessoas, e elas podem errar.
Mas isso não quer dizer que intervenções do governo são desejáveis, pelo
contrário, o governo acaba criando mais problemas do que resolvendo os
existentes. Para conhecer a descrição das 4 falhas de mercado e das 14 falhas de governo catalogadas por nós, clique aqui.
No vídeo abaixo, Steve Horwitz explica a dinâmica do
intervencionismo e os problemas oriundos da regulação e intervenção no
livre mercado.
Por outro lado, compreendo que as pessoas possuem
necessidades e a vontade de prosperar. Ninguém disse que viver é fácil.
Algumas pessoas acabam se tornando propensas a encurtar caminhos. Como,
no caso, reivindicar a uma instância superior – o estado – privilégios
especiais. Aposto que você, quando era criança, costumava sonhar em
alcançar o sucesso dentro de algo que você admirava. E poderia apostar
que era sempre em alguma função na iniciativa privada. Mas agora tudo
mudou. Para que trabalhar em um mercado desimpedido e livre se você pode
tentar, de alguma forma, usufruir do “poder” do governo? Por que
estudar ou se tornar um empreendedor ou comerciante para ser subjugado
por impostos/regulamentações/ tarifas/taxas/burocracia, quando pode
ingressar na grande máquina estatal, mamar das tetas do governo ou ainda
manipular o jogo de acordo com seus interesses, gastando dinheiro que
não é seu? Por fim, por que ser manipulado, quando pode manipular?
Veja o vídeo abaixo:
Concluindo
A regulamentação só gera mais dinheiro para donos de
faculdades picaretas, para as pessoas que vão fazer parte desses
conselhos e passarão um bom tempo contando o dinheiro das mensalidades
dos profissionais registrados e para os profissionais mais acomodados. É
uma lei que beneficia poucos e prejudica o crescimento do país.
Enquanto isso, países que levam a tecnologia e desenvolvimento a sério
nem cogitam criar uma lei como essa.
Se há algo que sempre me cativou na área de TI foi a
liberdade. Eu posso, neste exato momento, ligar meu computador e
desenvolver um sistema que, assim espero, tenha valor para milhões de
pessoas. Da mesma forma que é possível que eu não consiga nenhum usuário
disposto a gastar dinheiro com ele. Tudo dependerá da minha capacidade
empreendedora, gerenciadora de equipes, de desenvolvimento e de
divulgação. E não de um diploma.
A história da informática no Brasil e no mundo
acontece por meio do esforço individual de trabalhadores e empresários,
mesmo o estado nos atrapalhando e atrasando demasiadamente, desde a
época na qual governos militares inventaram a tal Lei da Informática que
destruiu um mercado próspero. Por causa dessa lei, usava-se sucatas
comparando com as tecnologias de outros países. Só podemos ter algo
razoável com as tímidas aberturas econômicas que tivemos durante dos
anos 1990 e graças aos contrabandistas que atuaram durante esse período.
Apesar disso nunca houve um governo ditando regras na
profissão. A tecnologia da informação sempre foi tomada por um certo
espírito caótico e anárquico.
O Vale do Silício nos EUA não surgiu em um país
tomado por reservas de mercado, tanto para produtos quanto para
profissionais, mas sim em um dos países com os maiores índices de
liberdade econômica do mundo.
Se houvesse uma regulamentação no início da
informática no Brasil, sequer haveria profissionais porque nem escolas,
nem faculdades existiriam. Estudei com vários professores que fizeram
uma faculdade apenas para poder entrar no centro acadêmico, já que a
liberdade da área garantiu o conhecimento necessário. Eram programadores
e empreendedores que conseguiram, com suas habilidades, criar o mercado
que existe hoje.
Conheci muitas pessoas que, sem ao menos uma
faculdade, conseguiram mostrar que possuíam competência para manter um
projeto. Pessoas que aprenderam a programar em casa mesmo e hoje têm o
fruto de seus trabalhos devido à da liberdade desse setor. Tenho certeza
que você conhece vários programadores que não se formaram e obtiveram
sucesso, fama, reconhecimento, criaram grandes empresas e conquistaram
riquezas. Não foi uma lei, uma imposição governamental, um sindicato ou
algum grupo anti-liberdade que fez do mercado de TI brasileiro ser o que
é, mas a LIBERDADE que existe nele.
A sua liberdade de atuar no setor é muito mais importante do que as grandes idéias de sabe lá quem.
O artigo original encontra-se no site www.focoliberal.com.br/. A equipe PTI (profissionais de T.I.) tomou a liberdade de republicá-lo por conta da queda do servidor ocorrida no dia (04/06/2013)
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