17 de janeiro de 2015

Dr. Milton Pires fala mais verdades

    
 Dr. Milton Simon Pires



 
 
ETERNA PERMANÊNCIA NO PODER

Milton Pires

Não deixa de ser cômico e, acima de tudo, trágico que os últimos meses do governo petista no Brasil sejam marcados por uma crítica contundente dos rumos da economia nacional. Reparem que o incipiente movimento de oposição, fazendo uma força imensa para nascer, apega-se imediatamente àquilo que do ponto de vista revolucionário é, nesse momento, menos significante - a Economia. Não poderia ser mais irônico observar que os chamados liberais ou "libertários" que agora se opõem ao PT cometem exatamente o mesmo erro dos militares que, a partir de 1964, deixaram nossa cultura a mercê de um projeto gramsciano que colheu seus frutos em 2003. É esse o fato que explica posições capazes de sustentar, ao mesmo tempo, o "Estado Mínimo" e o casamento gay, o fim das cotas raciais mas a liberação do aborto, a continuação do Programa Mais Médicos e a derrubada do decreto 8243..e por aí vai..Essa é, meus amigos, a verdadeira confusão, a verdadeira salada de frutas, que tomou conta do pensamento dos que pretendem opor-se ao Partido-Religião no Brasil e o singelo objetivo desse artigo é, simplesmente, alertá-los para o fato de que permanece atenta a essas contradições toda a inteligência petralha que vai debochar dos adversários nas eleições de outubro.
   
Quando se pensa no movimento revolucionário é preciso, antes de tudo, atentar-se para uma silenciosa unidade do discurso..para uma coerência, muito discreta e ao mesmo tempo muito poderosa, que é capaz de reduzir ao ridículo e designar como retrógrada ou conservadora tudo aquilo que se opõem ao seu projeto de poder. Afirmo que existe, dentro de cada manifestação sobre economia, de cada projeto na área da saúde ou na educação, uma linguagem comum..uma codificação poderosa capaz de funcionar como uma espécie de cola que "gruda de maneira perfeita" tudo aquilo que precisa chegar até a população comum. São nesses momentos que se torna possível perceber o marxismo como aquilo que chamei de cosmovisão..como uma maneira muito específica de entendimento da realidade e que se debruça sobre ela (realidade) antes de tudo como uma linguagem moral..como uma poderosa crítica do ethos supostamente ausente nas sociedades capitalistas ou, como preferem os revolucionários tupiniquins, "neoliberais".
  
Venho, recentemente, manifestando minha preocupação naquilo que diz respeito a essa falta de coragem ..a essa incapacidade crônica de apresentar-se como um adversário ideológico e não somente eleitoral do PT no Brasil. Percebo na classe política um medo imenso..uma covardia infinita que torna impossível a mínima discordância no que vem sendo santificado..naquilo que vem sendo dogmatizado e apresentando à sociedade como sendo praticamente inerente ao seu tecido moral. Tantos foram os anos de "bolsas"..tantas foram as ONGS e tão inúmeras as "inclusões sociais" que praticamente impossível tornou-se questionar sua mera continuidade..São, como se diz na linguagem popular, coisas que "vieram ficar"..."avanços sociais" ou "conquistas das classes oprimidas"que candidato algum ousa dizer abertamente que vai extinguir.."Não pode"...é "burrice"...é "perder voto" ...e assim por diante - desculpas e mais desculpas por parte daqueles que querem em primeiro lugar eleger-se e, só depois e se necessário for, dizer definitivamente o que vem fazer no governo.
   
Mais de uma vez eu já disse a vocês que não sei em quem vou votar..Não sei sequer se vou votar em alguém mas sei, antes de tudo, em quem NÃO vou votar: não pretendo dar meu voto a nenhum relativista de última hora..a nenhum adepto da teoria de que "o inimigo do meu inimigo é meu amigo" e a nenhum apóstolo do pragmatismo que repete como um papagaio - "o importante é tirar o PT"...Tirar o PT de onde, meus amigos? Do governo ou do poder? A preocupação de vocês é com o governo? Acalmem-se: algo me diz que esses próprios bandidos estão, eles mesmos, convencidos das vantagens de afastar-se do Palácio do Planalto em 2015 e entregar o Brasil destruído economicamente ao PSDB, mas se a ideia de vocês diz respeito àquilo que me interessa (a luta pelo poder) aí a coisa muda de figura. Querem isso? Preparem-se para dizer não inclusive às pessoas de sua convivência diária no que diz respeito ao senso comum, ao politicamente correto e à covardia nacional que hoje nos caracteriza como brasileiros. Aprendam a diferença e preparem-se para pagar o preço sentindo antes de tudo a solidão dos considerados loucos..dos paranoicos e dos obcecados que discordam de Reinaldo Azevedo bradando em público que vamos todos rumo a uma ditadura comunista.
Governo e Poder não são a mesma coisa e o PT sabe perfeitamente a diferença entre os dois. Conhece tanto e tão bem esse assunto que já é capaz de aceitar o eterno revezamento no governo com os picaretas do PSDB e garantir, para sempre, sua eterna permanência no poder.
 
Porto Alegre, 2 de agosto de 2014
 







EM NOME DO MEDO

Milton Pires
 
Outro dia escrevia eu sobre a “questão dos inimigos”....sobre o que eu supunha que pudessem pensar de mim e sobre essa certa coincidência...sobre essas espécies de acidentes que fizeram com que eu e certas pessoas tivéssemos sofrido uma colisão..um certo tipo de batida de frente que, ao que tudo indica, ninguém queria ou planejava.

Seguindo essa linha de “prosa psicológica”..movido eu por alguma espécie de “depressão” ou “fase psicanalítica” cujos motivos não tenho a mínima ideia de quais possam ser, resolvo hoje escrever sobre “respeito”...sobre esse artigo que, numa tentativa de inverter Descartes, eu diria que deve ser aquele que Deus distribuiu da pior forma já que cada um de nós pensa que sempre há alguém que lhe deve o devido respeito e está, descaradamente, em falta conosco.

Sobre respeito, digo o seguinte: nada mais infeliz do que tentar cobrá-lo de alguém. Sempre tive a impressão de que, ao fazer isso, o respeito já havia saído..já havia partido como aqueles ônibus do interior que deixando a rodoviária são perseguidos por algum carro ou moto levando um passageiro atrasado... Nunca vi ônibus nenhum parar nessa situação..Nunca vi o respeito, quando cobrado tardiamente por uma das partes, ser entregue ao seu devido merecedor.

Imagino, quando penso em quem nos governa, que há de chegar o dia em que essa legião de vagabundos alcoólatras, intelectuais gayzistas e sindicalistas pedófilos que, junto com o crime organizado, formaram o Partido dos Trabalhadores vai entender o que escrevi no início desse artigo. Imagino inclusive que alguns...uma certa minoria que utiliza um pouco mais do que a histeria como combustível de discurso político consiga me entender desde já. Esses, que devo dizer não são muitos, devem estar pensando numa segunda questão: querem saber o “porquê” de eu estar escrevendo isso...Sabem todos que tenho razão. Não ousam nem querem discordar do que disse eu sobre respeito mas querem saber o que me “move”, não querem? Querem saber por que do Dr.Milton com “tanta raiva nesse coraçãozinho” ...rsss??

Vamos lá, meus amigos: o que todo vagabundo petista sabe (e eu sei que ele sabe) é que uma vez perdido o respeito resta à uma determinada forma de poder uma última alternativa para perpetuar-se: essa alternativa chama-se MEDO.

Tudo aquilo que for dito pelo PT de agora em diante até a data das eleições há de seguir religiosamente o princípio que acima estabeleci...tudo será apresentado e mostrado..será fotografado e filmado ..será exaustivamente escrito e cantado nos jingles mais imbecis como uma eterna aproximação do Apocalipse..como uma gigantesca possibilidade de perda em que o Brasil, depois de dez anos de tantos avanços e conquistas, corre o risco de regredir..corre a chance de se degradar..de se partir, se quebrar ou se corromper...Quem não votar no Partido-Religião estará fazendo quase que uma escolha pela tragédia..será quase um antibrasileiro..quase um traidor de tudo que o povo quer e, com sacrifício, conquistou...

Não existe, entre os vagabundos petistas, nenhum capaz de convencer o comando de campanha que possa existir estratégia melhor..que se possa vender a ideia, novamente, de um “Brasil sem Medo de Ser Feliz”...ou de um “Lulinha Paz e Amor” que a todos comoveu em 2003. Não...agora não dá mais tempo..Agora ninguém mais cai nessa, né “cumpanheirada”??

Caiu a máscara, meus amigos, dos traficantes de esperança..da ralé que conseguiu, no maior país católico do mundo, juntar Marx com Jesus Cristo e criar, depois do Foro de São Paulo, as condições para que essa imundície se espalhe por toda América Latina. O PT é hoje no Brasil um gigantesco animal ferido..um bicho ideologicamente agonizante mas ainda assim corrupto até os ossos e que vai, como qualquer animal acuado, lutar até a morte para não sair do poder.

Na luta que vai travar o Partido-Religião tem uma grande vantagem...uma vantagem maior do que o dinheiro ou do que a posse da máquina administrativa..Essa vantagem é a covardia, a burrice, a corrupção...a subserviência e o fisiologismo de qualquer um que tente se apresentar como oposição..É tão fraca, de fato, a capacidade disso que chamamos “oposição” que fossem os vagabundos petistas um pouco mais inteligentes e colocariam por água abaixo tudo que aqui escrevi..Eles não se apresentariam como opção única e não aceitariam afagos de certos picaretas capazes de dizer que Dilma tem, ela mesma, uma história respeitável..mas infelizmente é tão fraca a capacidade desse governo de infundir respeito e dessa oposição se mostrar diferente dele que não restou mais nenhuma alternativa...Chegou a hora de mudar todo discurso..a hora em que não vão ser mencionados os diferentes passados nem os possíveis futuros com cada “candidato” diferente..Ninguém quer dar a impressão de que vai “mudar o que deu certo”..de que se vai perder o que se conquistou..ninguém quer se arriscar..ninguém quer perder nem mudar o “time que está ganhando” não é mesmo? Esse time não parece a vocês todos que seja ele um só?? Um mesmo time de discurso onde jogam desde Aécio até Dilma? Um só “timão do povo” em que ficam no banco de reserva os “Bolsonaros” e as “Jandiras Feghalis” da vida considerados eles mesmos muito violentos para entrar em campo e participar desse Campeonato Brasileiro da Farsa??

Todos os jogadores aceitam falar uma mesma língua..Todos vão proteger a torcida dos “monstros ideológicos” que estão no banco de reservas, não vão??...Todos vão discursar Em Nome do Medo
 
Porto Alegre, 11 de agosto de 2014. 
 







OS NOVOS DEMÔNIOS E A IMPRENSA GOLPISTA - UM JUIZ QUE NÃO SE PODE MANDAR MATAR

Milton Pires
  
Como médico e funcionário público, há muito venho denunciando o caos e as barbaridades perpetradas contra os pacientes e colegas no Sistema Único de Saúde. Como cidadão, pagador de impostos e eleitor, como simples telespectador e leitor de qualquer jornal, acompanho e presto minha solidariedade ao tratamento canino que estão recebendo os professores e policiais brasileiros. De uma maneira geral eu não podia, até hoje, acreditar que existisse classe profissional que estivesse submetida à humilhação maior durante o Regime Petista no Brasil do que os funcionários da segurança, educação e saúde. Hoje vou me dirigir aos juízes brasileiros. Vou correr esse risco de escrever em sua defesa no país onde quem escreve qualquer coisa parece ter “sempre um motivo por trás” - prato cheio para aqueles que vão dizer que, “já que o Dr. Milton move ações contra a Administração Pública”, natural que se torne um puxa-saco dos magistrados.

Escrevo num exercício daquilo que se chama empatia: a capacidade de colocar-se no lugar do outro. Defendo os verdadeiros juízes num tempo e lugar em que a primeira contestação ao meu texto há de ser que “juízes não passam fome” ..não “pegam ônibus” ..não “fazem plantão, não levam tiros nem apanham de alunos traficantes de crack” - argumentos típicos de gente que esconde a cara com toucas ninja e quebra lojas e caixas eletrônicos dizendo que quer mudar o Brasil.

Quando alguém decide apoiar ou atacar o trabalho dos juízes brasileiros, não percebe que é movido por uma sensação própria, inerente à condição humana, e incapaz de ser compartilhada – o desejo de justiça. Ninguém precisa ser médico para sentir-se doente e buscar ajuda, não precisa ser professor para identificar ignorância em si mesmo e lutar por educação, e muito menos juiz para saber que está sendo injustiçado em qualquer circunstância da vida social. Decorre dai, que esse sofrimento subjetivo, essa sensação odiosa e contínua produzida na circunstância de um direito lesado é algo inerente a vida em sociedade nas situações de crise e desordem institucional. Lembremos ainda que não são mais do que homens e mulheres os juízes e juízas que hoje atuam no Brasil Petista e que, se “não seu deuses” como disse a agente de trânsito carioca, também não são “demônios” que estão contra a população.

Perceba-se, naquilo que acima foi escrito, que existe – assim como ocorre no caso dos médicos – uma necessidade contínua do Partido Religião de referir-se à magistratura brasileira como um segmento especial..como um grupo de pessoas que não fazem parte daquilo que o PT insiste em chamar de “sociedade civil como um todo” e onde só se entra sob a benção de alguma minoria, ONG ou movimento social fantoche do PT.

Coloco-me agora, portanto, no lugar dos verdadeiros juízes e juízas do Brasil – principalmente os de primeiro grau – para aqui deixar explícita minha solidariedade com aqueles que sofrem o calvário de tentar aplicar justiça num país dominado por um partido revolucionário e me identifico, simplesmente como cidadão, com o seu sofrimento. Imagino eu o tormento, que não depende de salário ou auxílio moradia, o constrangimento, que não depende de férias e estabilidade na carreira, de lidar-se com operadores da justiça – advogados de ONGS e promotores a soldo do PT – num país governado por gente que acredita que a “Constituição precisa ser Permanentemente Discutida” e as decisões do Poder Judiciário “debatidas com a sociedade como um todo”. Declaro entender perfeitamente não haver salário que pague esse tipo de estupidez nem a afronta contra anos de estudo, concurso público, e uma vida dedicada com zelo à carreira que os senhores seguiram. Vejo, acima de tudo, o risco que corre em primeiro lugar o cidadão comum que crê piamente na independência dos senhores e na correta aplicação de uma Lei que não foi escrita jamais para servir interesses delirantes de quem quer uma constituição, uma moeda e um código penal únicos para toda América Latina.

Senhoras e senhores juízes brasileiros, certa vez eu li que uma injustiça que se comete contra um cidadão é uma ameaça que se faz a todos os outros mas, vejo hoje, no fanatismo do Brasil Petista, que uma ameaça que se faz a um juiz é uma injustiça contra toda sociedade. Os verdadeiros juízes do país juntaram-se aos médicos, policiais, professores e militares na crescente classe de “novos demônios” que somados à “imprensa golpista”, o Partido Religião, cada vez mais histérico, insiste em jogar contra o resto da sociedade. Que Deus ajude a todos nós – ele é o único Juiz que o PT não pode mandar matar.
 
Porto Alegre, 7 de novembro de 2014.