7 de novembro de 2014

A VITÓRIA DE MAQUIAVEL

  
  
      
 
A VITÓRIA DE MAQUIAVEL
  
Texto de Edmilson Oliveira (*)

 
Em se tratando de política, poderíamos dizer que existem 2 categorias distintas de pessoas: as que analisam a política, e as que fazem política. Enquanto as primeiras (as que analisam a política) acreditam, com um otimismo demasiadamente exagerado, que há uma ética que conduz o jogo político (e que o bem–estar comum deve ser a principal preocupação de quem vive a política), as últimas (as que fazem política) vivem como se fizessem parte de um mundo paralelo, onde os prognósticos dos analistas não passam de informação vazia ou inútil.
  
A política atual pode ser comparada a um teatro. Há o palco e os bastidores. No primeiro (o palco), os atores (os candidatos a cargo político) tentam, com os seus mais variados discursos, convencer os seus espectadores (os eleitores) a crerem que o que dizem é verdade, e que as suas prioridades são o desenvolvimento e a prosperidade do país. Entretanto, por trás desta encenação (na verdade, um bem ensaiado jogo de aparências) está exposta a face da verdadeira política: é aquela onde predominam os conchavos, acertos, alianças obscuras, negociatas, tráficos de influência, lobbies, enfim, interesses pessoais e egoístas dos mais diversos tipos. Esta mesma política é a chamada “política paralela”, ou seja, é a que se desenrola nos bastidores (fora dos olhares do público).
Por isso, ver (ou entender) a política apenas como uma mera competição ou disputa de forças, como fazem muitos analistas e especialistas, é pura perda de tempo. Há muito mais do que lutas entre ideologias, visões de administração, e projetos de governo. O que existe, de fato, é uma corrida por poder, que é o que realmente move quase todos os políticos (independente do partido aos quais estes são filiados).
  
A disputa política é uma verdadeira guerra. Não há inocentes. Se houver, são extirpados em pouco tempo. Nesta mesma guerra, a sobrevivência depende de muita malícia e de muito jogo de cintura. Em outras palavras: vale tudo pelo poder (até mesmo agradar a gregos e troianos). Não há espaço para escrúpulos. É por isso que alguns estudiosos, com certa razão, afirmam que boa parte dos participantes da política possui algum perfil de psicopata.
  
Há quem diga que a política é a arte de dirigir as coisas para os fins pretendidos. Os meios geralmente são vistos como o caminho a ser percorrido, sem nenhuma preocupação com possíveis implicações (inclusive de natureza moral). Na verdade, o que move um político é a opinião pública, ou melhor, a opinião daqueles que são os seus potenciais eleitores. A única ética que vale (ou a única que é respeitada) é a da manutenção da boa imagem pessoal (isto é, a da reputação a ser preservada).
  
Maquiavel, decididamente, venceu! Quase não se tem mais nenhum político que se sinta constrangido pela moral. Não há impedimentos éticos quando o objetivo é a conquista do poder (e também de seus privilégios). O político atual se sente limitado somente e unicamente pela lei. E se ele consegue driblá-la, não haverá mais quaisquer barreiras para os seus intentos!
    
 
(*) Pseudônimo de um estudante de Direito da UFBA – Universidade Federal da Bahia