A VITÓRIA DE MAQUIAVEL
Texto de Edmilson Oliveira (*)
Em se
tratando de política, poderíamos dizer que existem 2 categorias distintas de pessoas: as
que analisam a política, e as que fazem política. Enquanto as primeiras (as que
analisam a política) acreditam, com um otimismo demasiadamente exagerado, que
há uma ética que conduz o jogo político (e que o bem–estar comum deve ser a
principal preocupação de quem vive a política), as últimas (as que fazem
política) vivem como se fizessem parte de um mundo paralelo, onde os
prognósticos dos analistas não passam de informação vazia ou inútil.
A política atual
pode ser comparada a um teatro. Há o palco e os bastidores. No primeiro (o
palco), os atores (os candidatos a cargo político) tentam, com os seus mais
variados discursos, convencer os seus espectadores (os eleitores) a crerem que
o que dizem é verdade, e que as suas prioridades são o desenvolvimento e a
prosperidade do país. Entretanto, por trás desta encenação (na verdade, um bem
ensaiado jogo de aparências) está exposta a face da verdadeira política: é aquela onde
predominam os conchavos, acertos, alianças obscuras, negociatas, tráficos de
influência, lobbies, enfim, interesses pessoais e egoístas dos mais diversos
tipos. Esta mesma política é a chamada “política paralela”, ou seja, é a que se
desenrola nos bastidores (fora dos olhares do público).
Por isso, ver
(ou entender) a política apenas como uma mera competição ou disputa de forças,
como fazem muitos analistas e especialistas, é pura perda de tempo. Há muito
mais do que lutas entre ideologias, visões de administração, e projetos de
governo. O que existe, de fato, é uma corrida por poder, que é o que realmente move
quase todos os políticos (independente do partido aos quais estes são filiados).
A disputa política é uma verdadeira guerra. Não há inocentes. Se houver, são
extirpados em pouco tempo. Nesta mesma guerra, a sobrevivência depende de muita
malícia e de muito jogo de cintura. Em outras palavras: vale tudo pelo poder
(até mesmo agradar a gregos e troianos). Não há espaço para escrúpulos. É por
isso que alguns estudiosos, com certa razão, afirmam que boa parte dos participantes
da política possui algum perfil de psicopata.
Há quem diga
que a política é a arte de dirigir as coisas para os fins pretendidos. Os meios
geralmente são vistos como o caminho a ser percorrido, sem nenhuma preocupação com
possíveis implicações (inclusive de natureza moral). Na verdade, o que move um
político é a opinião pública, ou melhor, a opinião daqueles que são os seus
potenciais eleitores. A única ética que vale (ou a única que é respeitada) é a
da manutenção da boa imagem pessoal (isto é, a da reputação a ser preservada).
Maquiavel,
decididamente,
venceu! Quase não se tem mais nenhum político que se sinta constrangido
pela moral. Não há impedimentos éticos quando o objetivo é a conquista
do poder (e também de seus privilégios). O político atual se sente
limitado somente e unicamente pela
lei. E se ele consegue driblá-la, não haverá mais quaisquer barreiras
para os seus
intentos!
(*) Pseudônimo de um estudante de Direito da UFBA – Universidade Federal da Bahia