DESMASCARANDO AS AFIRMAÇÕES LIBERTÁRIAS / ANARCOCAPITALISTAS (ANCAP)
O que Mises realmente pensava?
Acho que com este post conquistarei a antipatia de vários liberais
supostamente adeptos das ideias de Mises, e não fico nada feliz com
isso, pois evito ao máximo levantar polêmicas que possam causar
sectarismo dentro do movimento liberal. Ao contrário de muitos por aí,
não procuro atrair atenção pela polêmica, meu objetivo é compartilhar
informações relevantes e interessantes.
Acontece é que considero uma falha grave usar o nome de Mises para divulgar ideias que nada têm a ver com o seu pensamento, e não posso ficar indiferente diante da confusão que isso pode gerar. Me sinto obrigado a, no mínimo, tentar esclarecer alguns equívocos.
Devo ressaltar que de forma alguma desaprovo o excelente trabalho realizado pelo Instituto Mises Brasil, aliás foi graças a ele que tive acesso gratuito ao livro traduzido de Mises que uso de referência bibliográfica para este texto, embora seja justamente os artigos publicados no blog deste Instituto, as maiores fontes deste grave equívoco que procuro desfazer aqui.
Vejamos o que Mises deixa claro sobre seu pensamento a respeito de vários assuntos na sua obra: Liberalismo Segundo a Tradição Clássica. Aliás livro que recomendo a todos, principalmente aos que agora experimentam seus primeiros contatos com o liberalismo.
Protecionismo
"O fato é que a ideologia que torna possível a tarifa protecionista não é criada nem pelas “partes interessadas” nem por aqueles que são subornados por elas, mas por ideólogos que propiciam ao mundo as ideias que dirigem o curso de todos os assuntos humanos." pg. 43
Na contramão da retórica de alguns liberais, Mises não é totalmente adepto da ideia de que quem cria o protecionismo são representantes de negócios locais interessados em se proteger da concorrência, agindo sempre através do lobby ou da corrupção. Ele é fruto sempre, da pura ideologia política dominante.
Isso Mises defende também em outros de seus trabalhos onde explica que é impossível que o protecionismo se instale atendendo somente aos interesses dos empresários, simplesmente porque estes possuem interesses diferentes e por vezes conflitantes. Para um fabricante de pregos, talvez seja mais interessante se proteger da concorrência dos pregos importados, mas para o fabricante de cadeiras, que utiliza pregos na fabricação do seu produto, é mais interessante conseguir tal insumo ao menor preço possível.
Acontece é que considero uma falha grave usar o nome de Mises para divulgar ideias que nada têm a ver com o seu pensamento, e não posso ficar indiferente diante da confusão que isso pode gerar. Me sinto obrigado a, no mínimo, tentar esclarecer alguns equívocos.
Devo ressaltar que de forma alguma desaprovo o excelente trabalho realizado pelo Instituto Mises Brasil, aliás foi graças a ele que tive acesso gratuito ao livro traduzido de Mises que uso de referência bibliográfica para este texto, embora seja justamente os artigos publicados no blog deste Instituto, as maiores fontes deste grave equívoco que procuro desfazer aqui.
Vejamos o que Mises deixa claro sobre seu pensamento a respeito de vários assuntos na sua obra: Liberalismo Segundo a Tradição Clássica. Aliás livro que recomendo a todos, principalmente aos que agora experimentam seus primeiros contatos com o liberalismo.
Protecionismo
"O fato é que a ideologia que torna possível a tarifa protecionista não é criada nem pelas “partes interessadas” nem por aqueles que são subornados por elas, mas por ideólogos que propiciam ao mundo as ideias que dirigem o curso de todos os assuntos humanos." pg. 43
Na contramão da retórica de alguns liberais, Mises não é totalmente adepto da ideia de que quem cria o protecionismo são representantes de negócios locais interessados em se proteger da concorrência, agindo sempre através do lobby ou da corrupção. Ele é fruto sempre, da pura ideologia política dominante.
Isso Mises defende também em outros de seus trabalhos onde explica que é impossível que o protecionismo se instale atendendo somente aos interesses dos empresários, simplesmente porque estes possuem interesses diferentes e por vezes conflitantes. Para um fabricante de pregos, talvez seja mais interessante se proteger da concorrência dos pregos importados, mas para o fabricante de cadeiras, que utiliza pregos na fabricação do seu produto, é mais interessante conseguir tal insumo ao menor preço possível.
Veja o que ele escreve sobre isso no livro Ação Humana:
"Mais tarde, mudaram as condições: a
burguesia inglesa, já não podendo suportar a competição dos produtos
estrangeiros, passou a exigir tarifas protecionistas. Os economistas,
então, elaboraram uma teoria protecionista para substituir a ideologia
do livre comércio e a Inglaterra retornou ao protecionismo.
O primeiro erro dessa interpretação é
considerar a “burguesia” como uma classe homogênea composta de membros
cujos interesses são os mesmos. Um empresário está sempre premido pela
necessidade de ajustar sua atividade empresarial e comercial às
condições institucionais de seu país. Sua atuação como empresário ou
como capitalista, em longo prazo, não é favorecida nem prejudicada pela
existência ou não de tarifas. Quaisquer que sejam as condições
institucionais ou de mercado, o empresário procurará produzir os
produtos que lhe proporcionam maior lucro. O que pode prejudicar ou
favorecer seus interesses, em curto prazo, são apenas as mudanças no
cenário institucional. Mas estas mudanças não afetam da mesma maneira,
nem com a mesma intensidade, todos os ramos de negócio ou todas as
empresas. Uma medida que beneficia um setor ou uma empresa pode ser
prejudicial a outros setores ou empresas. Quando são estabelecidos
direitos alfandegários, apenas um reduzido número de itens pode
interessar a cada empresário. E, para cada item, os interesses das
diversas firmas e setores são geralmente antagônicos.
Um determinado setor ou empresa pode ser
favorecido pelos privilégios concedidos pelo governo. Mas, se os mesmos
privilégios são concedidos a todos os setores e empresas, todo
empresário perde – não só como consumidor, mas também como comprador de
matérias primas, produtos quase acabados, máquinas e equipamentos – de
um lado, tanto quanto ganha de outro."
von Mises, Ludwig
Ação Humana – São Paulo:
Instituto Ludwig von Mises Brasil, 2010
pg. 112 - 113
Guerras
"O humanista, amante da paz, se aproxima de um todo-poderoso e lhe diz: “Não faça a guerra, ainda que uma vitória lhe dê a perspectiva de aumentar seu próprio bem-estar. Seja nobre e magnânimo. Renuncie à tentação da vitória, ainda que isto signifique para você um sacrifício e a perda de uma vantagem”. O liberal pensa de modo diferente. Está convencido de que a guerra vitoriosa é um mal, até mesmo para o vencedor, e que a paz é sempre melhor do que a guerra."
pg. 54
Aqui Mises utiliza um argumento liberal utilitarista contra a guerra. Diferente dos humanistas, que tentam convencer os poderosos a não promoverem guerras simplesmente apelando para um argumento moral, os liberais são contra as guerras por motivos diferentes: Simplesmente porque elas não são interessantes para a maioria das pessoas, nem mesmo para o lado vencedor.
Mais adiante, Mises exemplifica uma circunstância em que uma guerra é justificável:
"Quando é atacada por um inimigo belicoso, uma nação, amante da paz, precisa oferecer resistência, e tudo fazer para evitar a carnificina."
pg. 54
Aqui Mises deixa claro que são absolutamente legítimas as guerras travadas a favor de se proteger de uma agressão externa.
Coerção Estatal
"A vida em sociedade seria, praticamente, impossível, se as pessoas que desejam sua continuada existência e que pautam sua conduta de modo apropriado tivessem de renunciar ao uso da força e da obrigatoriedade contra aqueles que estão prontos a minar a sociedade com seu comportamento. (…) Sem aplicação de obrigações e coerção contra os inimigos da sociedade, seria impossível a vida em sociedade."
pg. 63
Essa vai para os que se dizem liberais misesianos mas criticam a coerção estatal sobre condutas anti-sociais ou que criticam a ação da polícia na repressão ao crime, mesmo quando ela acontece dentro da legitimidade.
Mises mostra que é absolutamente necessário que o estado reprima tais condutas mesmo que utilizando-se do seu monopólio da força.
Outras afirmações semelhantes podem ser vistas na página 81:
"Suprimir a conduta perigosa à subsistência da ordem social constitui a soma e a substância da atividade estatal."
pg. 81 - 82
"O liberalismo nem mesmo deseja ou pode negar que o poder coercitivo do estado e a punição legal de criminosos são instituições que a sociedade não poderia, em quaisquer circunstâncias, delas prescindir."
pg. 82
E ATENÇÃO AGORA - VEJA O QUE MISES PENSA SOBRE ANARQUISMO
"Há, sem dúvida, uma facção que acredita que se poderia dispensar, com segurança, todo e qualquer tipo de coerção e basear a sociedade, totalmente, na observância voluntária do código moral. Os anarquistas consideram o estado, a lei e o governo instituições supérfluas"
pg. 64
Mais adiante na mesma página:
"O anarquista, porém, se engana ao supor que todo mundo, sem exceção, desejará observar tais regras voluntariamente."
"O anarquista compreende mal a verdadeira natureza do homem. O anarquismo somente seria praticável, num mundo de anjos e santos.
O Liberalismo não é anarquismo, nem tem, absolutamente, nada a ver com anarquismo."
Guerras
"O humanista, amante da paz, se aproxima de um todo-poderoso e lhe diz: “Não faça a guerra, ainda que uma vitória lhe dê a perspectiva de aumentar seu próprio bem-estar. Seja nobre e magnânimo. Renuncie à tentação da vitória, ainda que isto signifique para você um sacrifício e a perda de uma vantagem”. O liberal pensa de modo diferente. Está convencido de que a guerra vitoriosa é um mal, até mesmo para o vencedor, e que a paz é sempre melhor do que a guerra."
pg. 54
Aqui Mises utiliza um argumento liberal utilitarista contra a guerra. Diferente dos humanistas, que tentam convencer os poderosos a não promoverem guerras simplesmente apelando para um argumento moral, os liberais são contra as guerras por motivos diferentes: Simplesmente porque elas não são interessantes para a maioria das pessoas, nem mesmo para o lado vencedor.
Mais adiante, Mises exemplifica uma circunstância em que uma guerra é justificável:
"Quando é atacada por um inimigo belicoso, uma nação, amante da paz, precisa oferecer resistência, e tudo fazer para evitar a carnificina."
pg. 54
Aqui Mises deixa claro que são absolutamente legítimas as guerras travadas a favor de se proteger de uma agressão externa.
Coerção Estatal
"A vida em sociedade seria, praticamente, impossível, se as pessoas que desejam sua continuada existência e que pautam sua conduta de modo apropriado tivessem de renunciar ao uso da força e da obrigatoriedade contra aqueles que estão prontos a minar a sociedade com seu comportamento. (…) Sem aplicação de obrigações e coerção contra os inimigos da sociedade, seria impossível a vida em sociedade."
pg. 63
Essa vai para os que se dizem liberais misesianos mas criticam a coerção estatal sobre condutas anti-sociais ou que criticam a ação da polícia na repressão ao crime, mesmo quando ela acontece dentro da legitimidade.
Mises mostra que é absolutamente necessário que o estado reprima tais condutas mesmo que utilizando-se do seu monopólio da força.
Outras afirmações semelhantes podem ser vistas na página 81:
"Suprimir a conduta perigosa à subsistência da ordem social constitui a soma e a substância da atividade estatal."
pg. 81 - 82
"O liberalismo nem mesmo deseja ou pode negar que o poder coercitivo do estado e a punição legal de criminosos são instituições que a sociedade não poderia, em quaisquer circunstâncias, delas prescindir."
pg. 82
E ATENÇÃO AGORA - VEJA O QUE MISES PENSA SOBRE ANARQUISMO
"Há, sem dúvida, uma facção que acredita que se poderia dispensar, com segurança, todo e qualquer tipo de coerção e basear a sociedade, totalmente, na observância voluntária do código moral. Os anarquistas consideram o estado, a lei e o governo instituições supérfluas"
pg. 64
Mais adiante na mesma página:
"O anarquista, porém, se engana ao supor que todo mundo, sem exceção, desejará observar tais regras voluntariamente."
"O anarquista compreende mal a verdadeira natureza do homem. O anarquismo somente seria praticável, num mundo de anjos e santos.
O Liberalismo não é anarquismo, nem tem, absolutamente, nada a ver com anarquismo."
E ainda mais adiante na página 66:
"O liberalismo, portanto, está muito longe
de questionar a necessidade da máquina do estado, do sistema jurídico e
do governo. Trata-se de grave incompreensão associá-lo, de algum modo, à
ideia de anarquismo, porque, para o liberal, o estado constitui uma
necessidade absoluta"
pg. 66
Bom. Aqui fica bastante claro o enorme equívoco cometido pelos que usam o nome de Mises para divulgar ideias Anarquistas.
Em breve, pretendo escrever novos posts tratando do mesmo assunto, partindo do ponto de vista de outros pensadores liberais.
Por enquanto, acho que isso é tudo.
Bibliografia:
von Mises, Ludwig.
Liberalismo - Segundo a Tradição Clássica. -- São Paulo: Instituo Ludwig von Mises
Brasil, 2010
pg. 66
Bom. Aqui fica bastante claro o enorme equívoco cometido pelos que usam o nome de Mises para divulgar ideias Anarquistas.
Em breve, pretendo escrever novos posts tratando do mesmo assunto, partindo do ponto de vista de outros pensadores liberais.
Por enquanto, acho que isso é tudo.
Bibliografia:
von Mises, Ludwig.
Liberalismo - Segundo a Tradição Clássica. -- São Paulo: Instituo Ludwig von Mises
Brasil, 2010
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