Por que festejar o engodo cubano?
26 de dezembro de 2014
Hélio Dias Viana
Do mesmo modo como as colônias são perdidas nas metrópoles, pode-se
dizer que Barack Obama está reeditando a política dos Estados Unidos
quando estes eram governados por presidentes que favoreceram a esquerda
no mundo inteiro, embora essa mesma esquerda os tenha depois etiquetado
com a fama do contrário.
Assim, se foi através de uma grande manobra político-midiática
lançada a partir de Nova York que Fidel Castro e os revolucionários de
Sierra Maestra prevaleceram, formando depois um regime despótico que
perdura até hoje, assim também foi através dos EUA que esse mesmo regime
— em apuros pela falta do necessário apoio econômico da Rússia e da
Venezuela, ambos em profunda crise —, está sendo salvo pelo presidente
Obama, com o decidido e incompreensível apoio do Papa Francisco e da
diplomacia vaticana.
É bom frisar: não é o povo, mas o regime comunista cubano que está
sendo salvo. E uma das provas de que o querem salvar não está apenas nos
indignados protestos dos cubanos anticomunistas exilados, mas também na
Venezuela chavista, para onde Cuba enviou vários generais e milhares de
agentes, para implantar ali o mesmo regime que, apenas instalado, já
atribui sua falência aos EUA, quando ela decorre da própria aplicação do
socialismo, que só produz opressão e miséria.
É portanto um engodo, uma falácia, interpretar a cessação do embargo e
a abertura em relação a Cuba como um progresso da democracia, quando
para que a normalidade ali se estabeleça bastaria que seus ditadores
sanguinários restaurassem a propriedade privada e a livre iniciativa,
soltassem todos os presos políticos, dessem aos cubanos total liberdade
de expressão, bem como de ir e de vir — inclusive para fora do país —,
convocassem eleições livres (livres, bem entendido, também de urnas
eletrônicas…), e, finalmente, se afastassem do poder.
Alguém acredita que uma transformação assim é sequer imaginável? Se
não é, por que então festejar e apoiar a iniciativa da Casa Branca, que
causou verdadeira exultação em todas as hostes da esquerda mundial e
indignação nos anticomunistas? Mais grave ainda, como podem as duas mais
altas autoridades da Terra — temporal e espiritual — concorrer para
evitar que o povo cubano saia de seu cativeiro e retorne à plena
normalidade a que tem direito?