Guerra Mundial: “Sim, pode acontecer de novo”, diz editorialista do The New York Times
2 de novembro de 2014
Luis Dufaur
Paraquedistas poloneses, americanos e canadenses treinam na Polônia com os olhos postos na Ucrânia
Roger Cohen, editorialista do influente The New York Times abordou um problema que tira o sono dos observadores mais atentos e influentes.
Pode estar acontecendo o início da Terceira Guerra Mundial?
Cohen é cauteloso. Ele observa a deformação psicológica inoculada nos ocidentais pelo excesso de otimismo das últimas décadas.
Ele compara e constata que antes da I Guerra Mundial a Europa e o mundo civilizado nadavam em análogo otimismo.
Nunca a Europa tinha vivido um tempo tão longo e tão pacífico como o da Belle Époque que culminou no malfadado 1914.
Acreditava-se que o enriquecimento dos
países e a multiplicação dos intercâmbios comerciais afastava a hipótese
de um conflito geral. A final, a guerra destruiria a prosperidade de
todos, e portanto ninguém quereria.
Pregava-se que a humanidade caminhava
para uma reconciliação universal, que eventuais atritos ficariam
restringidos no espaço e se resolveriam com tratados diplomáticos e/ou
comerciais.
Mas, diz Cohen pensando naquele ano, “o
inimaginável pode acontecer”. E, acrescenta, quase aconteceu na recente
anexação da Crimeia pela Rússia.
Também pareceu que o inimaginável nunca
aconteceria quando um jovem nacionalista servo, Gavrilo Princip,
assassinou o herdeiro da Coroa Austro-Húngara em Sarajevo, 28 de junho
de 1914.
Tudo fazia crer que o crime se resolveria a nível local. Mas os eventos se sucederam em cascata.
Em quatro anos, os grandes impérios
centrais tinham ruído, milhões de homens tinham perecido nas
trincheiras, e Europa jazia em meio a destroços fumegantes.
Hoje Vladimir Putin encarna o fervor
nacionalista que serviu de faísca em 1914. E a violência do separatismo
ucraniano alimentado por Moscou mostra a periculosidade do irredentismo
nacionalista ateado pelo chefe do Kremlin.
Cohen não é católico ou não o diz, mas a
I Guerra Mundial inaugurou o ciclo de catástrofes contra o qual Nossa
Senhora veio advertir o mundo se não fazia penitência dos maus costumes.
Ela não foi ouvida, a Rússia espalhou
seus erros por todo o mundo, desencadeou a II Guerra Mundial aliada à
Alemanha nacionalista de Hitler, e agora parece estar soprando um
incêndio universal a partir da Ucrânia.
A Polônia se prepara para o pior. Parada militar em Varsovia, agosto 2014.
Cohen, porém, acha possível que a
agressão russa à Ucrânia se estenda a nações vizinhas como a Polônia e
os Países Bálticos. A NATO teria que despachar tropas e jatos de guerra,
que teriam como contrapartida um acirramento da belicosidade russa.
As peças do dominó estão dispostas para uma ir derrubando a outra em série e nem os EUA ficariam indenes.
E Cohen sublinha: “o inimaginável pode acontecer. Aliás, quase aconteceu agora na Criméia”.
No Pacífico os atritos entre a China e o
Japão raspam o conflito. Um ultimato pode acontecer. Na fronteira da
Estônia a Rússia concentra quantidades anormais de tropa.
Uma faísca, uma advertência mal ouvida por alguma das partes e a Terceira Guerra Mundial começa, observa Cohen.
Certamente pode não acontecer. Mas, paz
não é igual a pacifismo. Se os campos europeus estão semeados de
caveiras é porque o continente olhou para a guerra com repulsão e achou
que nunca aconteceria.
O sistema internacional não parece especialmente estável e está menos previsível que em 1914.
O pacifismo europeu não tem contrapartida em Moscou ou Pequim. Ainda menos nas potências islâmicas.
Obama exibe preocupante fraqueza. Os
EUA acredita, em sua enorme superioridade material militar, mas não
exibem a determinação de usá-la que tinham outrora.
A Rússia viola os tratados e Obama fica
em lamentações verbais. Seu otimismo parece invencível, como o otimismo
de 1914 que acabou na carnificina de Stalingrado, as explosões
nucleares em Hiroshima e Nagasaki.
Um realismo bem colado na realidade,
que alguns podem confundir com o pessimismo, tal vez teria sido melhor
para a paz e para a sobrevivência de milhões de homens.
VEJAM ESSA NOTÍCIA DO PORTAL TERRA.
Rússia diz que armas nucleares garantem vantagem militar sobre Otan e EUA
O chefe das Forças Armadas da Rússia declarou nesta sexta-feira que um arsenal nuclear poderoso irá garantir uma superioridade militar sobre o Ocidente, no momento em que seu país se empenha em finalizar um plano multibilionário para modernizar suas forças até 2020.
A Rússia, que provavelmente entrará em recessão neste ano por conta das sanções impostas por Estados Unidos e Europa em função da crise na Ucrânia e devido à queda no preço do petróleo, precisa lidar com novas formas de agressão ocidental, o que inclui confrontos econômicos, disse o general Valery Gerasimov.
Apesar das enormes preocupações econômicas, ele afirmou que as Forças Armadas russas irão receber mais de 50 novos mísseis nucleares intercontinentais este ano.
“O apoio a nossas forças nucleares estratégicas para garantir sua alta eficiência militar, combinada a... um aumento do potencial militar das forças em geral, fará com que (os EUA e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan, na sigla em inglês) não obtenham superioridade militar sobre nosso país”, afirmou Gerasimov.
As tensões entre a Rússia e o Ocidente aumentaram como resultado do conflito no leste da Ucrânia, onde EUA e Europa sustentam que Moscou está incentivando a insurgência enviando soldados e armas, o que Moscou nega.
A Rússia tem criticado a expansão da Otan no leste europeu, e o presidente russo, Vladimir Putin, acusou o Exército ucraniano, que combate separatistas pró-Rússia no leste do país, de ser um fantoche da Otan com uma política de “contenção” da Rússia.
Aviões militares russos foram avistados com frequência cada vez maior sobre a Europa nos últimos meses. A Grã-Bretanha convocou o embaixador russo na quinta-feira para pedir uma explicação sobre dois bombardeiros russos de longo alcance que sobrevoaram o Canal da Mancha, forçando as autoridades britânicas a redirecionar a aviação civil.
A Rússia promete realizar até 2020 uma modernização militar de 286,20 bilhões de dólares concebida por Putin e não mexer nos gastos militares, mesmo em face de uma crise econômica crescente que reduziu os orçamentos de outros ministérios.
O projeto de renovação objetiva aprimorar os sistemas de armamentos russos para garantir que entre 70 e 100 por cento das armas e equipamentos das Forças Armadas tenham sido modernizados até o final da década – plano confirmado pelo miinistro da Defesa, Sergei Shoigu.
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