15 de novembro de 2014

O país depois das eleições

                 
         
        
 
O Brasil Pós-eleições - 1ª Parte

     
Cel José Gobbo Ferreira
 

O clamor público já endossou a ação do PSDB pedindo auditoria nas votações do último pleito. Em um Estado Democrático de Direito, não existe um motivo sequer para que essa auditoria seja negada. Ela representa um anseio de quase 50 milhões de eleitores que temem, com bem embasados motivos, que seus votos tenham sido malbaratados. 
  
Se as eleições foram limpas e corretas, não há porque não provar isso de uma vez por todas para o povo brasileiro. Se houve qualquer desvio de conformidade, voluntário ou não, é a hora de corrigi-los e livrar a eleição mais disputada dos últimos tempos de qualquer suspeita de fraude.  
   
Em uma fase de nossa história em que o Judiciário é acusado de estar aparelhado pelo governo, essa é uma oportunidade de ouro para provar o contrário e esse é o comportamento mais democrático possível. Qualquer hesitação em deferir o requerimento constitui, sem dúvida, uma falta de confiança em seu trabalho, pode ocultar interesses escusos e ser recebida pela população como uma confissão de culpa, com consequências que podem ser desastrosas.
  
Está mais do que provado que as urnas eletrônicas são fraudáveis, que o Partido dos trabalhadores é fraudulento, que todas as facilidades foram disponibilizadas para que fraudes pudessem ser praticadas à vontade por internautas preparados e que Lula foi claro quando disse: vocês não sabem o que o PT será capaz de fazer para ganhar essas eleições. 
   
Se não, vejamos:
  
Contrariamente ao que seria de se esperar para garantir à população um software confiável, S.Excia o Exmo Ministro Dias Tóffoli, atual Presidente do TSE não permitiu que se realizassem os tradicionais testes abertos de confiabilidade nas urnas destinadas à eleição de 2014.  
  
Revoltada com isso, e agindo em nome do PDT, a Dra Maria Aparecida Cortiz, compareceu ao  TSE e conseguiu que seu acompanhante sub-repticiamente analisasse o software que opera a votação. Descobriram que exatamente no trecho dedicado à segurança ele continha uma sequência amplamente conhecida pelo pessoal da área como  o malware "Inserator", o qual permite que um hacker altere o software e depois o autentique como se original fosse.
 
Que essa ação criminosa se torna impossível se esse software navegar entre o TSE e órgãos subordinados por um canal absolutamente seguro.  Ora,  o TSE havia adquirido um sofisticado e dispendioso canal de comunicação superseguro. A Dra Cortiz descobriu que, inexplicavelmente, ele não usa esse canal e seus programas navegam pela vulnerável internet aberta.
É de domínio público que o Sr. Franklin Martins, do PT, organizou um seminário na semana santa, quando mais de dois mil hackers foram cooptados e treinados para trabalhar para o partido.
Contrariamente ao que ocorre em todas as eleições, o TSE não permitiu que a apuração fosse acompanhada pela população em tempo real. Segundo informações a posteriori da mídia, a candidata Dilma Roussef só ultrapassou Aécio Neves quando já haviam sido apurados 89% dos votos. Isso bem poderia configurar uma “conta de chegar”.
   
Diferentemente das outras votações, até mesmo aquela do primeiro turno, não foi dada publicidade às pesquisas de boca de urna que, malgrado suas inerentes imperfeições, são as mais confiáveis de todas, pois  medem aquilo que já aconteceu. Elas poderiam dar pelo menos  uma ideia do comportamento dos eleitores, a ser comparada com o que foi apregoado pelo TSE.
Para tomar completo conhecimento dos procedimentos de segurança a serem observados nas operações do TSE durante o período eleitoral, em 28/10/2014 entrei em seu sítio e fui encaminhado à resolução abaixo:
  
Identificação:
RES 023397 DE 17 DE DEZEMBRO DE 2013 (INSTRUÇÃO 095911)
Situação:
Vigente
Inteiro Teor:
    
Fonte:
DJeTSE, 27/12/2013, página(s) 2
Ementa:
Dispõe sobre a cerimônia de assinatura digital e fiscalização do sistema eletrônico de votação, do registro digital do voto, da votação paralela e dos procedimentos de segurança dos dados dos sistemas eleitorais.
Indexação:
Cerimônia, Assinatura digital, Fiscalização, Sistema, Votação eletrônica, Registro digital do voto, Votação paralela, Procedimento, Segurança, Dados, Sistema eleitoral, Eleições 2014.
Catálogo:
Eleições 2014.
  
Em seguida, procurei ver o inteiro teor da resolução. Para meu estupor, o inteiro teor da resolução 023397, de 17 de dezembro de 2013, que regulava uma série de procedimentos do TSE a serem obedecidos durante todo o período eleitoral, ainda não estava disponível dois dias após as eleições. (ou teria sido retirado às pressas do site?)
 
 
RES 023397 DE 17 DE DEZEMBRO DE 2013 (INSTRUÇÃO 095911)




INTEIRO TEOR AINDA NÃO DISPONÍVEL
 

O conjunto das circunstâncias é extremamente suspeito. Portanto, começando pelo próprio PSDB, é indispensável que se exija que essa auditoria seja executada e que estejamos dispostos a protestar veementemente nas ruas se ela for negada. Não há como reconhecer a legitimidade das eleições se isso não for feito. 
 
Devemos começar procurando saber o que aconteceu no reino hermético e absolutista do TSE, e temos esse direito, pois ele é simplesmente um órgão público a serviço do povo, e ao povo deve satisfação de seus atos.  
  
  
  
 
   
      
  
      
       
O Brasil Pós-eleições - 2ª Parte
 
Cel. José Gobbo Ferreira
 
Já discuti, em artigo anterior, o país dividido que emergiu da eleição presidencial. Foram séculos de civilização brasileira durante os quais nossos antepassados derramaram seu sangue, seu suor e suas lágrimas para nos legar esse imenso país, de um só povo, uma só língua, um só coração.
 
Veio o PT e, seguindo os ensinamentos de Antônio Gramsci, semeou a divisão e a discórdia. Ele percebeu que sua permanência no poder depende exatamente dessa cizânia. A distribuição dos votos petistas pelo Brasil mostra isso claramente e ele é suficientemente pernicioso para incentivar essa situação indefinidamente.
 
Tudo fará para mantê-la e expandi-la. Mais do que nunca praticará a política do “nós contra eles”. Sempre afirmando que a culpa dos desatinos é da zelites, dos burgueses, dos reacionários. Marilena Chaui, falando pelo PT, produziu uma excelente peça teatral, que poderíamos chamar de “O Monólogo do ódio” onde, com o aplauso do grande timoneiro, revelou tudo o que sente pela classe média brasileira que, aliás, sustenta esse país com seu trabalho*. 
  
Como reverter isso, que é a essência do pensamento petista, e reconciliar o País enquanto eles estiverem no poder?
  
A sinceridade de Dilma em seus apelos pela união me lembra muito Tim Maia. Aquele artista popular inesquecível, com sua verve impagável, uma vez declarou; “eu não bebo, não fumo, não uso drogas. Só minto um pouquinho...”
  
O PT é a mesma coisa: não rouba, não deixa roubar, não promove a divisão da Nação brasileira. Só mente um pouquinho.
  
É muito importante perceber que, nestas eleições, o grande catalisador da suposta vitória petista naquelas regiões menos desenvolvidas não foram as ações sociais. Elas seriam mantidas por qualquer candidato que vencesse. O vetor que os levou à discutível vitória foi a calúnia de dizer que seus adversários as aboliriam. Ou seja, o PT usou as armas de sempre: a calúnia, a ameaça, o bullying, o medo e as exerceu exatamente sobre os mais despossuídos, pois essas óbvias mentiras só vicejam em uma comunidade mantida suficientemente atrasada politicamente. Por isso, não há como ele mudar de tática e abandonar essa farta seara de votos de cabresto. 
  
Porém, por qualquer prisma que se observe, a verdade é que o norte-nordeste, aliado à segunda Inconfidência Mineira e às fraudes desabusadas nas  urnas eletrônicas, selou o destino das eleições e de nosso país, e essa é uma ferida que vai ficar aberta por muito tempo, mormente porque convém ao PT que ela não se feche.
  
Um efeito colateral do atraso cívico daquela região são os políticos que ela produz: o velho Sarney, Roseana, Jader Barbalho, Renan Calheiros, Fernando Collor, os anões do orçamento etc. 
  
Choram os cidadãos de bem deste País enquanto chovem votos de congratulações oriundos dos países bolivarianos ao redor de nós, pobres e subdesenvolvidos ocupando conosco as últimas posições na escala de crescimento do PIB e dos Índices de Desenvolvimento Humano da América, e extremamente eficientes em elevar as taxas de inflação. Esse bando de cegos guiando cegos, de uma abissal pequenez humana, intelectual e ideológica, ironicamente intenta criar aquilo que chamam “pátria grande”. Grande em que?
  
Seus emissários circulam à vontade entre nós, como o risível venezuelano ministro não sei do que lá, cuja babá foi pega com uma arma de fogo irrelevante, mas com uma quantidade de documentos e instruções capazes de incendiar o Brasil na intenção de  promover a vitória do socialismo revolucionário. E esses ensinamentos foram transmitidos ao MST sob a complacência e o apoio da intelligentsia do PT. 
  
Escusa-se a nossa diplomacia anã, dizendo que não tinha conhecimento da viagem do emissário do diabo. Pior a emenda que o soneto. Isso mostra que nosso território já é uma enorme casa da mãe Joana sem portas, aberta a esses castelhanos e a cidadãos oriundos de todos os países revolucionários do mundo  que não mais necessitam sequer de visto em seus passaportes para aqui vir depositar ovos de serpente.
   
Para nossa tristeza, começam a voltar à cena as ideias de secessão, com argumentos aos quais só o amor à Pátria brasileira pré-PT pode fazer face. Alegam que o conjunto sul/sudeste/centro-oeste formaria uma nação de primeiro mundo. E isso é verdade.
  
Porém, a desunião seria desonrar nossos ancestrais. Nascemos em uma Pátria que vai do Oiapoque ao Chuí, da Ponta do Seixas até as nascentes do Rio Moa. É essa a herança a que tem direito nossos descendentes. 
   
Convém que nos unamos pelos laços do patriotismo e ofereçamos duro combate a esses cidadãos bolivarianos, os vendilhões da Pátria petistas. Dentro do Estado Democrático de Direito podemos dispor de inúmeras armas para escorraçar do poder esses estrangeiros, que nada tem a fazer por aqui a não ser semear a desgraça, o retrocesso e a escravidão.
  
Para isso é necessário que não nos acovardemos, não hesitemos na luta sem quartel contra a descaracterização de nossa Pátria e na defesa de nossa democracia agonizante, antes que o PT a sufoque por completo. 
   
Vamos tomar as ruas e recuperar nosso Brasil de volta. Já somos  mais de 50 milhões. E isso não é pouca coisa.
  
  
     
      
 
 
  
O Brasil Pós-eleições - 3ª Parte

Cel José Gobbo Ferreira, PhD

O Supremo Tribunal Federal é o foro que tem a competência para julgar governantes e políticos com mandato, exatamente o nicho onde se escondem as personalidades mais corruptas e danosas à sociedade brasileira. Talvez essa seja uma das causas do acúmulo de processos em seus escaninhos.
  
A cada dia aparecem mais informações sobre os sórdidos escândalos na Petrobras e as denúncias do envolvimento de altas autoridades da República. A lama ultrapassou as fronteiras do país e até a Justiça americana foi acionada para investigar tanta corrupção. Mais uma vez o PT expõe a Pátria brasileira à humilhação internacional.

Mais cedo ou mais tarde tudo isso desembocará no STF. A experiência do mensalão foi frustrante e vergonhosa e o povo brasileiro não pode permitir que isso se repita.

Por isso é importante a mobilização de todos para que, levadas as investigações até os últimos detalhes, as decisões daquele tribunal sejam baseadas na lei e na justiça e não na “gratidão” de alguns de seus membros para com  os presidentes que os nomearam.

Em 3 de novembro, com a possibilidade de governos do PT terem nomeado 10 de seus 11 membros a partir de 2016, o Exmo. Ministro Gilmar Mendes exteriorizou ao jornal “Folha de São Paulo” seu temor que, ‘a exemplo da Venezuela’, o Supremo Tribunal perca o papel de contrapeso institucional e passe a "cumprir e chancelar" vontades do Executivo. Diz ele: "Não tenho bola de cristal, é importante que [o STF] não se converta numa corte bolivariana. Isto tem de ser avisado e denunciado". Obrigado, Ministro!

Em resposta, dia 6 de novembro, S.Excia o Exmo.Ministro Ricardo Lewandowsky, seu atual presidente, concedeu uma entrevista matinal para jornalistas de periódicos de grande penetração nacional quando teve a desfaçatez de declarar:  “A história do Supremo não tem mostrado isso, tem mostrado total independência dos ministros. O STF se orgulha muito dessa independência enorme que os ministros têm com relação aos presidentes que os indicaram. Essa é a história do STF”.   (Os grifos são meus)

Porém, já em 27 de fevereiro deste ano, o Exmo. Sr. Ministro Joaquim Barbosa,  então seu Presidente, havia criticado acerbamente a postura do plenário no que concernia  especificamente à caracterização do crime de formação de quadrilha na atuação dos réus da AP 470. Afirmou então que se formou no tribunal uma "maioria de circunstância", construída para defender os interesses do partido no poder.

"Sinto-me autorizado a alertar a nação brasileira de que este é apenas o primeiro passo. Esta maioria de circunstância tem todo tempo a seu favor para continuar nessa sua sanha reformadora", disse. "Esta maioria de circunstância [foi] formada sob medida para lançar por terra todo um trabalho primoroso, levado a cabo por esta corte no segundo semestre de 2012", disse o Ministro. (grifo meu)

Evidentemente, S.Excia. se referia à nomeação dos ministros Luís Roberto Barroso e Teori Zavascki, indicados pelo PT, via presidente Dilma Roussef,  para os lugares de Ayres Britto e Cezar Peluso, que em 2012 haviam votado pela condenação dos réus por formação de quadrilha. Barroso e Zavascki chegaram sob medida e em tempo para reverter o veredicto, como convinha ao governo do PT, absolver os réus deste crime e assim livrá-los de punição mais conforme aos ilícitos que efetivamente praticaram.

Concorde com as opiniões de Joaquim Barbosa e Gilmar Mendes, que são também as da maior parte da população brasileira, o ínclito ministro Celso de Mello, decano da Corte, disse que "quadrilha poderosa", "visceralmente criminosa", "se apoderou do governo" (Os grifos são meus)

O Ministro votou pela condenação de todos os réus por formação de quadrilha pois, segundo ele, houve "plena configuração do crime de quadrilha". "Os integrantes desta quadrilha agiram com dolo de planejamento, divisão de trabalho e organicidade."(grifo meu)

Repudiou manifestações por parte de amplos setores do governo e do partido no poder que acusaram o julgamento do mensalão de ser "a maior farsa da história" da Justiça.

"A maior farsa da historia política brasileira” residiu, isso sim, nos comportamentos moralmente desprezíveis, cinicamente transgressores da ética republicana de delinquentes travestidos então da condição de altos dirigentes governamentais políticos e partidários, que fraudaram despudoradamente os cidadãos dignos de nosso país", declarou. (grifo meu)

O decano encerrou sua fala dizendo que os réus do mensalão "nada mais são que meros e ordinários criminosos comuns".(grifo meu)
 
De fato, como poderia o claro conceito de ”formação de quadrilha” suscitar dúvidas?
 
O Aurélio vai direto ao ponto: quadrilha é um bando de ladrões, assaltantes ou malfeitores. Exatamente aquilo que os homens de bem deste país, entre os quais o Ministro Celso de Mello, veem no Sr. José Dirceu e sua gangue.

Embora precisa, concordo que essa é uma opinião leiga. Vamos então à Lei:

O art. 288 do Código Penal é quase tão sucinto quanto o Aurélio: formação de quadrilha é o ato de se associarem três ou mais pessoas, em quadrilha ou bando, para o fim de cometer crimes. Simples assim!

Logo, basta que três ou mais pessoas, próximos ou à distância, decidam agir em conjunto com o propósito de cometer um ou mais ilícitos penais, que estarão enquadrados no crime de formação de quadrilha, até mesmo se não chegarem a cometer o delito planejado.
Quer se consulte o Aurélio ou o Código Penal, não há como deixar de concordar com o ilustre Procurador Geral da República que fez a denúncia, secundado pelo insigne Ministro Celso de Mello: trata-se SIM de uma quadrilha, e muito poderosa.

E uma quadrilha de criminosos vulgares, covardes, dissimulados e cruéis que tiram o pão da boca de quem tem fome (e são milhões neste país), que traficam o leito de que os doentes necessitam nos hospitais públicos, que eliminam as carteiras escolares, que consomem as merendas e subtraem as vagas nas escolas deste país de analfabetos plenos ou funcionais com o único objetivo de se aferrar ao poder para ter condições de constituir quadrilhas ainda maiores, para cometer crimes ainda mais revoltantes, com lucros mais vultosos, como aqueles que estão vindo à luz atualmente.

Mas as alienadas palavras do atual presidente do STF dão a entender que não houve a manipulação de circunstâncias citada pelo insigne Ministro Joaquim Barbosa. Que os temores do Exmo. Ministro Gilmar Mendes são elucubrações insensatas e sem fundamento e que o ilustre Ministro Celso de Melo excedeu-se em seus comentários. De onde se deduz que o fato dos votos dos Ministros Zavascki e Barroso contrariarem as conclusões de meses e meses de trabalho do plenário da Corte constituiu uma postura independente e sábia, fruto do notável saber jurídico de ambos.

Acreditar na independência de alguns dos Exmos. Ministros de nossa Corte Suprema em relação aos interesses do atual governo é sintoma inequívoco de anencefalia pós-petista e um desrespeito imperdoável à inteligência dos brasileiros..

Nem discutirei aqui quais os interesses por trás dos procedimentos de nomeação de membros para o Tribunal, que permitiram que um advogado sem expressão, duas vezes reprovado para a justiça de primeira instância e duas vezes processado por corrupção, tenha conseguido demonstrar os requisitos constitucionais de notável saber jurídico e ilibada reputação. Só mesmo no mundo novo petista pré-venezuelano isso pode ocorrer. 

Solidários com os Ministros Gilmar Mendes e Joaquim Barbosa, não vemos nenhum motivo para que o STF esteja tão orgulhoso. Ao contrário. Sua atuação está rigorosamente conforme aos tempos pouco republicanos que estamos vivendo.

Laborar o STF sob a rédea curta do Executivo é lançar à sarjeta a Constituição republicana que prevê a separação e independência dos poderes. Submeter-se a essa sabujice é apear da condição de magistrado para folgar e acumpliciar-se com os réus a quem deveria julgar.

Felizmente, as recentes eleições mostraram que o país não está tão dominado como supunha a corte do grande timoneiro bolivariano. Mais de 50 milhões de cidadãos já  acordaram e passam a exigir com ênfase crescente que sejam respeitados pelas instituições, sob pena de deixar de respeitá-las. Sementes de descontentamento vem grassando em terreno fértil e brotando em manifestações cada vez mais poderosas .

É preciso que os membros responsáveis pelos poderes desta República reflitam demoradamente sobre o momento político que vive o País. O povo, quando enfurecido, derruba Bastilhas. E quando isso acontece, cabeças coroadas costumam rolar.
   
   
 
 
 
 

   
   
O Brasil Pós-eleições – Final
José Gobbo Ferreira

Paradoxalmente, malgrado as escandalosas fraudes eleitorais, a democracia brasileira saiu fortalecida das eleições de 2014.
 
Com efeito, o partido hegemônico perdeu várias cadeiras no Congresso e sua “base aliada” começa a perceber, infelizmente mais por fisiologismo que por convicção democrática, que os desmandos do PT ultrapassaram os limites do aceitável  e que ele navega rumo ao abismo.
 
Mas os dois motivos principais para comemorar o avanço da liberdade e da verdadeira democracia são, primeiro, que uma fração ponderável das classes intelectual e artística conseguiu se livrar do cabresto do patrulhamento ideológico e se declarou contra o estado de coisas em que está mergulhado o país, clamando por mudança; e segundo, que contrariamente ao que declaravam os pessimistas de plantão, a sociedade brasileira não está “dominada” pela marginalidade no poder. Mais de 50 milhões de brasileiros deixaram isso bem claro nas eleições.
 
O caminho a ser trilhado doravante passa por alguns marcos bem definidos que devem ser perseguidos com obstinação. Evidentemente, sobrepairando a eles, é fundamental que finalmente surja uma oposição poderosa e eficaz para conduzir o processo de libertação definitiva do Brasil do PT e do foro de São Paulo.
A nós, o povo, compete apoiar esse esforço, não apenas com palavras, mas com uma militância proativa, pronta a exercer sua cidadania na defesa dos valores que nos são caros. Enfim, pronta a tomar as ruas de nossas cidades para fazer valer nossa vontade, que é soberana em uma democracia.
 
O primeiro marco é representado pela busca da constatação das fraudes cometidas com o emprego das urnas eletrônicas de primeira geração no pleito. Seria perfeito se as irregularidades apuradas fossem suficientemente poderosas para até mesmo alterar o resultado do pleito. Mas ainda que tais fraudes não possam ser quantificadas, pelo fato de que o único registro que resta da votação está em cartões de memória que não permitem auditoria, o fato de ser provado que o sistema eleitoral conscientemente proporcionou todas as condições para que fraudes ocorressem já é um sólido motivo para colocar em dúvida a legitimidade dos resultados e para exigir que urnas de gerações mais modernas, com registros eletrônico e físico, sejam utilizadas doravante em nossos processos eleitorais.

O segundo marco exige que a oposição tenha a vontade política e a determinação para negar no Congresso a proposta do governo de alteração da Lei de Diretrizes Orçamentárias. Um número enorme de economistas independentes chamou a atenção do Executivo para seu distanciamento progressivo das normas da Lei de Responsabilidade Fiscal, coluna mestra da recuperação da economia brasileira tempos atrás.  O governo fez ouvidos moucos a todos os alertas, burlou a LRF ano após ano com o emprego de contabilidade maliciosa, aumentou estratosfericamente despesas sem a obrigatória contrapartida nas receitas, principalmente durante o período eleitoral (que foi disparado por ele há mais de dois anos). Descumprindo a LDO, incorreu a presidente da República no crime de responsabilidade previsto na cláusula VI do Artigo 85 da Carta Magna. E não se diga que não foi suficientemente alertada sobre esse risco. Que pague agora o preço de sua desobediência à lei.
 
O terceiro marco se constitui na obrigatoriedade absoluta que a operação Lava-Jato seja conduzida rigorosamente segundo as leis adequadas até que o último detalhe das vergonhosas agressões ao patrimônio de nossa empresa maior seja esclarecido. Em seguida, que todos os envolvidos sejam levados à barra dos tribunais e punidos com todo o rigor da lei. Já falam em blindagem da presidente. O Supremo Tribunal Federal, infelizmente, não inspira a confiança que seria de se esperar da mais alta Corte do País. Então, que fique acima de qualquer dúvida que a população brasileira como um todo estará pronta a se amotinar caso se configure qualquer tentativa de frustrar o legítimo completamento do processo.
 
O quarto marco consiste em investigar a fundo todos os atos do Executivo que redundaram em empréstimos a países estrangeiros ou ao perdão de suas dívidas para com o Brasil. Convocar as autoridades responsáveis por essas operações a fim de que apresentem a autorização prévia do Senado Federal, nos termos do inciso V do Artigo 52 da Constituição Federal. Caso não tenham recebido tal autorização, processá-los no foro adequado por crime de responsabilidade, enquadrados no inciso VII do Artigo 85 da Carta Magna, por arbitrariamente deixar de cumprir a lei, no caso a própria Constituição, a Lei Maior.
 
O quinto marco consiste em provar a subordinação de partidos políticos brasileiros ao foro de São Paulo, entre eles o PT. Tanto a Constituição em seu Artigo 17 quanto a Lei Orgânica dos Partidos Políticos (Lei nº 9.096/95), em seu Artigo 5º, proíbem expressamente a subordinação de partidos políticos nacionais a entidades estrangeiras bem como o recebimento de recursos financeiros da parte dessas instituições. Cabe, pois, às instituições da oposição organizada provar a subordinação de alguns de nossos partidos ao foro de São Paulo, à chamada pátria grande bolivariana, como já vem mostrando o Deputado Ronaldo Caiado. Também convém investigar se houve de fato o tão propalado recebimento de recursos oriundos de alguns países desse grupo por ocasião das campanhas eleitorais. Caso se consiga provar qualquer uma dessas circunstâncias, os registros desses partidos deverão ser cassados.

Algum tempo atrás essas metas seriam descartadas a priori , por inviáveis. Hoje, com a conscientização dos milhões de cidadãos que rejeitaram o PT nas urnas, a autoestima nacional desperta para a luta. Além disso, com o país caminhando a passos largos para a bancarrota, como acontece nos principais países bolivarianos, o ambiente político está preparado para a reação. Tudo concorre para que avancemos, alcançando todos os marcos acima enumerados e outros mais.
 
São muitos os caminhos que o Estado Democrático de Direito oferece aos cidadãos de bem para o combate final contra o lado escuro da força que eclipsa nosso progresso e ameaça nossa liberdade.
 
Basta de apelos a intervenções militares, quarteladas que não tem mais sentido nem necessidade. As Forças Armadas tem seus deveres e suas responsabilidades claramente expressas na Constituição, e delas não devem, nem podem se afastar.
 
A sociedade é suficientemente capaz de, com sua união, fazer brotar um Brasil novo, livre, democrático e fadado ao progresso e à solução pacífica de nossos problemas sociais. Essa luta será como uma nova e definitiva Lei Áurea que há de libertar nossos irmãos mais despossuídos dos grilhões das bolsas de cabresto, transformando-as em ajuda poderosa para introduzi-los no universo da educação e do crescimento pessoal, dando-lhes a oportunidade de alcançar dignamente esse objetivo com seu próprio esforço e seu compromisso com sua inclusão plena na sociedade brasileira.
 
Esse é o país que nossos descendentes merecem.