Guerra
Fria 2.0 ?
Putin promete rearmamento da
Rússia 'sem precedentes'
Vladimir Putin prometeu um
rearmamento "sem precedentes" da Rússia diante dos Estados Unidos e
um avanço do complexo militar-industrial que quer colocar, como na URSS, no
centro do desenvolvimento do país, em um texto publicado nesta segunda-feira no
âmbito da eleição presidencial.
O atual primeiro-ministro
Vladimir Putin, que foi chefe de Estado de 2000 a 2008 e é candidato à
presidência, põe como prioridade a necessidade de responder à implantação de um
escudo antimísseis na Europa pelos Estados Unidos e Otan mediante o
"reforço do sistema de defesa aérea e espacial do país".
"Na próxima década serão
destinados 23 bilhões de rublos (590 milhões de euros, 773 milhões de dólares)
a estes objetivos (de rearmamento)", informa este longo texto publicado
pelo jornal oficial Rosiskaya Gazeta, consagrado totalmente à questão militar.
"Temos que construir um
novo exército. Moderno, capaz de ser mobilizado a qualquer momento",
escreveu, considerando que o exército russo foi deixado de lado nos anos 1990
"no momento em que outros países aumentavam constantemente suas capacidades
militares".
"Temos que superar
completamente este atraso. Retomar um status de líder em todas as tecnologias
militares", destacou Putin, citando o terreno espacial, a guerra no
"ciberespaço", assim como as armas do futuro com efeito "geofísico,
por raios, ondas, genes, psicofísico".
"A renovação do complexo
militar industrial se converterá em uma locomotiva para o desenvolvimento dos
mais diversos setores", disse Putin, quase certo de voltar no dia 4 de
março ao Kremlim, que precisou deixar em 2008 ao estar impossibilitado pela
Constituição de conquistar um terceiro mandato.
"Pretende-se que o
renascimento do complexo militar-industrial seja um jugo para a economia, um
peso insuperável que em seu tempo teria arruinado a URSS", comentou.
"Estou convencido de que
isto é um profundo erro", escreveu o ex-agente do KGB (serviço de
inteligência soviético), que, em 2005, classificou a explosão da União
Soviética como a "maior catástrofe geopolítica do século XX".
"A URSS morreu por ter
esmagado as tendências do mercado na economia (...). Não temos que repetir os
erros do passado", destacou Putin, considerando que os novos investimentos
no campo militar desta vez devem ser o "motor da modernização de toda a
economia".
No entanto, esta perspectiva
foi colocada em xeque pelos especialistas. Segundo Alexander Konovalov,
presidente do Instituto de Análises Estratégicas de Moscou, "a ideia de
que se pode realizar um salto à frente na economia graças ao complexo
militar-industrial está superada desde os anos 1950".
Putin anunciou o
"renascimento" da marinha russa, em particular no Extremo Oriente e
no Grande Norte.
Retomou também a acusação
recorrente na Rússia contra os Estados Unidos sem nomeá-los, segundo a qual
"ocorrem" deliberadamente conflitos ou zonas de instabilidade perto
de suas fronteiras e o direito internacional nas crise mundiais é cada vez
menos respeitado.
Putin também anunciou a
entrega em dez anos de "400 mísseis balísticos modernos, 8 submarinos
estratégicos, 20 submarinos polivalentes, mais de 50 navios de superfície,
cerca de cem veículos espaciais com função militar, mais de 600 aviões
modernos, mais de 1.000 helicópteros, 28 baterias antiaéreas S-400...".
Os salários dos militares
foram "praticamente multiplicados por três" no dia 1 de janeiro, e o
exército russo - 1 milhão de homens - se tornará profissional para ter apenas
145 mil recrutas em 2020, anunciou.
Há um ano, o governo russo já
havia anunciado um amplo plano de modernização do exército por cerca de 500
bilhões de euros (cerca de 661 bilhões de dólares).
Vejam estes artigos aqui, e tirem suas conclusões